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'Cela estava alagada e sem luz', diz estudante preso em protesto no Rio

Universitário Ciro Oiticica, 25, afirma que cabeça raspada após prisão se tornou 'um troféu'

Ele foi um dos 36 manifestantes levados para presídio de São Gonçalo; Polícia Militar não se manifesta

FABIO BRISOLLA DO RIO

Ciro Brito Oiticica, 25, chegou ao presídio Patrícia Acioli, em São Gonçalo (região metropolitana), no início da noite da última quarta-feira, 15 horas após ser detido na escadaria da Câmara Municipal, na Cinelândia, durante o protesto dos professores no centro do Rio.

Aluno dos cursos de comunicação social da UFRJ e de relações internacionais da PUC-Rio, Ciro foi orientado a tirar a roupa para vestir uma camiseta branca e um short azul, identificado com a inscrição: "Ressocialização".

Depois, ele diz ter sido levado, junto com outros presos, para uma sala onde tiveram o cabelo raspado e a barba cortada. "Também fui obrigado a ficar nu para realizar um exame físico onde era obrigado a agachar e levantar as pernas", contou Ciro à Folha.

"Vejo o cabelo raspado com orgulho. É fruto da minha indignação, como uma cicatriz que se torna um troféu", afirma.

O rapaz diz ser da mesma família do artista plástico Hélio Oiticica, mas o parentesco é distante. Mora em Copacabana, na zona sul. Em São Gonçalo, ficou em uma cela com 15 metros quadrados acompanhado por outros cinco manifestantes.

Dos 64 adultos presos no protesto, 36 foram encaminhados à instituição penal de São Gonçalo. Chegaram ao local em um micro-ônibus da PM conduzido por policiais da Tropa de Choque, segundo o relato de Ciro.

"Choveu muito naquela noite. A minha cela estava alagada e sem luz."

Para o jantar, o carcereiro ofereceu dois pães de cachorro-quente, sem recheio, e um copo de guaraná natural.

Ciro e outros dois jovens foram liberados por volta das 13h de quinta-feira.

No protesto da última terça, ele disse que estava a trabalho, como repórter do movimento "Rio na Rua".

"Eu estava entrevistando os manifestantes na escadaria quando a polícia nos cercou", contou.

Mais de cem policiais organizaram um cordão diante da sede do poder Legislativo.

"Eles chegaram batendo os cassetetes nos escudos, para intimidar mesmo. Logo depois, começaram as detenções. Foram levando um a um, sem dar justificativa alguma", afirmou Ciro.

De acordo com Ciro, o grupo passou a noite em uma sala da delegacia e o procedimento de identificação só começou às 7h do dia seguinte. Ele foi autuado sob suspeita de formação de quadrilha.

Procurada, a PM não se manifestou sobre a prisão de Ciro até a noite de ontem.

Ele esteve entre os manifestantes que acamparam no plenário da Câmara por quase duas semanas, em setembro, contra a CPI dos Ônibus.


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