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Ignorados, bueiros revelam transformações da cidade

Tampas de ferro fundido esquecidas por calçadas e ruas desde o século 19 contam história dos avanços da infraestrutura de São Paulo

GABRIEL KOGAN DE SÃO PAULO

A história de São Paulo está a seus pés. E você pisa nela todo dia, sem perceber que os bueiros escondem mais do que rios canalizados, baratas e galerias subterrâneas.

Por três meses, a Folha fez uma varredura por bairros das zonas leste, oeste, sul e centro expandido de São Paulo e documentou 120 tipos diferentes de bueiro.

Remontar as origens históricas dos antigos tampões não é simples: não há censo que aponte o total de bueiros. E muitas peças sumiram em obras viárias, como na abertura das avenidas Nove de Julho e 23 de Maio.

Por baixo do asfalto coexistem águas da chuva, esgotos, fios de telefone e fibra óptica, cabos de semáforos e de eletricidade.

Para visitar esse submundo, seja para desentupir um cano ou construir uma nova rede de comunicação, os bueiros são as portas de entrada.

Afinal, o que é um bueiro? "As bocas-de-lobo circulares e com tampas de ferro, que servem para a drenagem das chuvas, são os bueiros propriamente ditos", diz o professor de infraestrutura urbana da Faculdade de Arquitetura da USP, Ricardo Toledo Silva.

Popularmente, a palavra designa também poços de visitas para redes subterrâneas.

(QUASE) TUDO MUDA

Trocam as empresas concessionárias e as palavras, mas os discos de ferro continuam muito parecidos.

"A princípio não há motivos técnicos para substituí-los, caso não sejam furtados ou danificados", diz o professor da FAU-USP.

Para avariar um tampão é preciso muitas décadas de trânsito pesado raspando a superfície. Bueiros novos também são duros na queda, feitos para aguentar até 60 toneladas (o peso de um avião).

A Sabesp substitui bueiros antigos, em bom ou mau estado. "Melhor trocar. Peças dos anos 1950, por exemplo, podem pesar 70 kg. Já as novas são leves e fáceis de abrir", diz o técnico de saneamento João Carlos Nepomuceno.

O "emagrecimento" das peças para 30 kg é possível graças aos novos materiais -como a gusa, liga de ferro e carbono, mais resistente do que o aço. As peças novas custam de R$ 250 a R$ 850.


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