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Protesto após morte de jovem por PM tem incêndio, saque e tiro

Estado acionou ministro após ato com bloqueio na Fernão Dias, veículos queimados, pedestre baleado e 90 detidos

Policial é preso e diz que disparo que matou adolescente foi acidental após porta de carro atingir sua mão

DE SÃO PAULO DO "AGORA" DE BRASÍLIA

Um protesto contra a morte de um adolescente durante abordagem da Polícia Militar levou pânico ontem a bairros da zona norte, com veículos incendiados, lojas saqueadas, motoristas roubados e a interdição por pelo menos quatro horas da principal ligação rodoviária entre São Paulo e Minas Gerais.

Além de colocarem fogo em seis ônibus e três caminhões, participantes da manifestação armados deram tiros ao saquear um comércio e atingiram um pedestre na av. Milton Rocha (Vila Medeiros).

Aproximadamente 90 pessoas foram detidas por atos de violência, que já tinham ocorrido anteontem e se espalharam por vários bairros e pela rodovia Fernão Dias.

Na estrada, além de motoristas terem sido atacados (principalmente por jovens com rostos cobertos), passageiros foram obrigados a descer de um ônibus de turismo. Um caminhão com combustível teve seu volante assumido por um homem que andou na contramão.

O ministro da Justiça de Dilma Rousseff (PT), José Eduardo Cardozo, foi acionado pelo secretário da Segurança Pública de Geraldo Alckmin (PSDB), Fernando Grella.

O governo tucano diz que foi uma cobrança de participação da Polícia Rodoviária Federal para ajudar a conter atos violentos numa rodovia que é de competência federal.

Cardozo disse à Folha que a ligação foi para pedir "sintonia" e que representantes dos dois governos vão se reunir hoje para definir uma estratégia policial comum em manifestações desse tipo.

PORTA DO CARRO

O adolescente Douglas Rodrigues, 17, foi morto na madrugada de anteontem durante uma abordagem de policiais que foram atender a uma reclamação de barulho.

O soldado Luciano Pinheiro Bispo, 31, foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção). O tiro, disse, foi acidental. Ele afirmou que a porta do carro fechou em sua mão, levando ao disparo.

Rodrigues foi baleado no tórax. Rossana de Souza, mãe dele, disse à TV Globo que, após ser atingido, seu filho perguntou ao PM: "Por que o senhor atirou em mim?".

O motorista José Rodrigues, 44, pai do jovem, disse que ele acordava às 4h30 para trabalhar em uma lanchonete e às 18h seguia para a escola. "Ele tinha acabado de comprar um carro. Como não tinha a habilitação, não deixava ele dirigir", contou.

O adolescente tinha um Volkswagen Gol, ano 1993, pelo qual pagou R$ 5.500.

Pelo Twitter, o governador Alckmin disse lamentar a morte do adolescente. "A comoção legítima da família não pode ser usada por vândalos", escreveu.

PORTAS FECHADAS

A morte do jovem já havia resultado em violência anteontem, também com incêndio a veículos. Ontem, elas foram intensificadas e radicalizadas, com ataques ainda a um ecoponto (incendiado) e um banco (depredado).

O comércio chegou a fechar as portas em bairros como Jardim Brasil, Vila Medeiros, Parque Edu Chaves e Jaçanã, devido ao temor de saques e depredações.

O dono de uma loja de informática contava o prejuízo do saque que seu comércio sofreu após a morte do jovem.

"Por baixo, foi de R$ 70 mil. Mas vai ser maior porque vou começar a sentir falta de outras coisas durante a semana", disse Manuel Luís Sales, 59. Segundo ele, além de aparelhos de GPS, pelo menos dez notebooks foram levados.


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