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'Xerife' de Haddad caça corruptos até em redes sociais

Responsável por investigação que acabou na prisão de servidores, secretário sofre ameaças e usa carro blindado

Mario Spinelli disse a vereadores no início do ano que usaria Facebook para obter provas de enriquecimento ilícito

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO DE SÃO PAULO

A chegada à delegacia de um auditor fiscal algemado e escondendo o rosto após ser preso sob suspeita de corrupção poderia ser resultado apenas de um trabalho policial ou de promotores de Justiça.

Porém, a operação que acabou na prisão de servidores que podem ter causado um rombo de R$ 500 milhões na Prefeitura de São Paulo é também resultado da investigação feita por outro servidor cuja função é descobrir desvios de quem pode estar trabalhando na sala ao lado da dele.

A descoberta do esquema é até agora a marca deixada por Mario Vinícius Spinelli desde que chegou à Prefeitura de São Paulo, em janeiro.

Espécie de xerife do prefeito Fernando Haddad (PT), Spinelli é o controlador-geral da administração, cargo que assumiu com a missão de fixar a marca de intolerância à corrupção na gestão.

A tarefa já trouxe consequências. Ameaçado de morte, usa carro blindado e anda com seguranças.

O blindado tem capacidade de resistir a disparos de pistola calibre 38 e tem rodas especiais para que o veículo não pare, caso seja alvejado.

O esquema investigado por Spinelli é um dos maiores escândalos na prefeitura, coordenado por por servidores de alto escalão que supostamente cobravam propina de empreiteiras em troca de "descontos" na cobrança do ISS (Imposto Sobre Serviço).

Segundo um assessor do prefeito, Haddad disse ao controlador que ele não deveria ignorar ameaças, mas levá-las a sério.

Procurada, a assessoria do prefeito não quis se manifestar. O caso é considerado "delicado" e vem sendo mantido em sigilo. A prefeitura não diz se foi apresentada uma queixa formal à Polícia Civil.

Um dos focos de investigação do controlador é verificar a evolução patrimonial de servidores, principalmente aqueles ligados ao licenciamento de obras e fiscalização.

Só neste ano, ao menos dez funcionários da prefeitura foram presos sob suspeita de corrupção. "Ando no mesmo elevador com as pessoas que investigo", afirmou.

'SIGA O DINHEIRO'

Spinelli fala pouco. Logo após assumir, foi à Câmara contar como faria para enfrentar servidores corruptos.

Disse a pessoas próximas que os vereadores riram quando ele afirmou que iria encontrar patrimônio ilegal pesquisando nas redes sociais.

A prova de que falava sério veio à tona. Um dos auditores fiscais detidos mantinha no Facebook a informação de que era dono de um hotel.

Sua estratégia é um conhecido mote de quem investiga corrupção: "siga o caminho do dinheiro!".

A pedido do controlador-geral, Haddad assinou um decreto que obriga os servidores a registrar seu patrimônio no site da prefeitura.

O traquejo do controlador, que é engenheiro de formação, veio com a experiência acumulada desde 1999, como perito do Tribunal de Contas de Minas Gerais e, mais ainda, a partir de 2001, quando se tornou analista de finanças e controle da CGU (Controladoria Geral da União).

Em 2010, virou titular da Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas da CGU, passando a representar o órgão no Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras).

A experiência rendeu a Spinelli convites para ministrar palestras e cursos na área de auditoria pública no Brasil e também no exterior.

Trouxe para seu gabinete uma equipe enxuta --apenas seis pessoas. Estão nela dois colaboradores próximos da CGU, Marcelo Campos da Silva, Dany Andrey Secco, além do corregedor-geral Newton Cardoso Nagato, que é auditor da Receita Federal.

Spinelli acumulou um patrimônio que inclui um apartamento no centro de Belo Horizonte (MG) e uma casa em Teresópolis (RJ), dois carros de pouco mais de R$ 80 mil e investimentos em ações e fundos de investimento. Em BH, é sócio do Minas Tênis Clube.


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