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Foco

Romeno e pastora são dois dos rostos revelados no Minhocão

RAFAEL ITALIANI DO "AGORA"

Um romeno de 92 anos que participou de duas guerras. Uma pastora evangélica baiana que adotou duas crianças abandonadas por pais viciados em crack. Os dois têm algo em comum: são rostos gigantes no Minhocão.

Os dois paulistanos foram fotografados por Raquel Brust, 31, que registrou os rostos de pessoas que vivem perto do elevado Costa e Silva, na região central.

As 18 fotos foram ampliadas e coladas, no estilo lambe-lambe, nas vigas da rua Amaral Gurgel.

Em uma delas, usando gorro e fumando cachimbo, está Stefan Kizimia, 92, que mora na Vila Buarque há mais de 50 anos. Pode-se dizer que ele é um "velho de guerra".

Ele fugiu do comunismo da Romênia em 1947. Antes disso, fez trabalho escravo durante a 2ª Guerra Mundial. "Eu construía trincheiras antitanques para proteger os nazistas", afirmou.

Com a derrota da Alemanha, o país foi ocupado por soviéticos. "Eu tinha pensamentos que eram proibidos pelos comunistas. Tive medo de ser preso e fugi."

Kizimia chegou a Israel, foi soldado por dez anos e participou de uma guerra entre israelenses e egípcios.

Chegou ao Brasil em 1958 e começou a fazer e a vender biquínis no Bom Retiro. Viu o elevado ser construído.

"Eu gosto do Minhocão. Ele tem utilidade. Se for para derrubar, precisam propor, antes, algo que o substitua", diz Kizimia, que todo ano recebe cartões de aniversário do Consulado da Romênia.

A pastora evangélica Nildes Nery, 45, é outro rosto do Minhocão. Com cara de séria, ela trabalha há oito anos com moradores de rua e viciados da cracolândia. Seu olhar na foto, segundo ela, exige "respeito com o próximo".

Nildes tem duas filhas biológicas e outros dois meninos adotados: um de oito e outro de três anos. As duas crianças foram abandonadas por pais viciados em droga.

"Aqui tem gente que é invisível para a sociedade. Agora, elas serão vistas."


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