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Haddad investigará pagamento de imposto de 15 construtoras
Prefeitura convocará empresas para saber de ISS, mas descarta ouvir secretário citado em gravação
Para prefeito, atitude de Donato é o contrário do que sugere escuta; irmão de secretário de Alckmin será chamado
A prefeitura vai investigar ao menos 15 construtoras por indícios de irregularidade no pagamento do ISS para a liberação de imóveis novos.
Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), as empresas, cujos nomes não foram revelados, serão obrigadas a reapresentar os documentos de quitação dos tributos dos últimos cinco anos.
"Pretendemos recuperar a memória de cálculo nos últimos cinco anos porque o recolhimento desses tributos não prescreveu", disse.
A primeira rodada de pedidos de explicação das construtoras deve acontecer ao longo desta semana. A Folha apurou que há mais empresas sob suspeita --cerca de outras dez, que devem ser ouvidas nas semanas seguintes.
O foco, diz Haddad, serão grandes empreendimentos inaugurados recentemente.
Funcionários da incorporadora Brookfield já admitiram ao Ministério Público terem pago R$ 4 milhões em propina aos auditores. O Secovi (sindicato do setor imobiliário) disse que já aceitou colaborar com a Promotoria para combater a corrupção.
SECRETÁRIO
A Controladoria Geral do Município descartou chamar Antonio Donato, secretário de Governo de Haddad, para ouvi-lo sobre a ligação com suspeitos de cobrar propina.
Segundo a assessoria de Haddad, não há indício de que ele tenha participado das fraudes. O prefeito também afirmou que Donato colaborou com as investigações.
"Desde março eu acompanho ele [Donato] e desde então as atitudes sugerem o contrário das gravações."
O nome do secretário foi citado em escuta telefônica na qual a ex-companheira de um dos acusados pelo esquema ameaça revelar uma suposta doação eleitoral de R$ 200 mil ao petista. Ele nega.
Além de ter sido citado na gravação, Donato indicou Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado pela Promotoria como líder do grupo de auditores presos, para a diretoria da SPTrans (empresa municipal). Ele também foi procurado por Rodrigues quando este soube que era investigado.
O Ministério Público também descartou convocar Donato sob a justificativa de que a citação ao nome dele não se refere ao foco das investigações, mas a uma suposta irregularidade eleitoral, fiscalizada por outra Promotoria.
Já o empresário Marco Aurélio Garcia será convocado pelo Ministério Público para explicar por que cedeu um escritório que funcionava como QG do grupo de fiscais.
Marco Aurélio é irmão de Rodrigo Garcia, secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e foi um dos aliados mais próximos do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Entre 2008 e 2010, Rodrigo ocupou a secretaria de Gestão de Kassab, com quem rompeu depois.
O empresário diz que cedeu o imóvel no início do ano a Rodrigues e que o conheceu por advogados que sugeriram o nome para consultorias.