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Campinas se torna 'Triângulo das Bermudas' das cargas milionárias

Roubo de produtos durante transporte na região aumentou 46%, ante 3% no Estado

Ladrões são atraídos pela concentração de indústrias de eletroeletrônicos e boa estrutura das estradas

LUCAS SAMPAIO DE CAMPINAS

A região de Campinas se tornou o novo foco das quadrilhas de roubo de cargas em São Paulo. Esse tipo de crime avançou 46% neste ano na região, enquanto no Estado o crescimento foi de 3%.

Os ladrões são atraídos pelas características da indústria local --que concentra montadoras de eletroeletrônicos-- e pelo fluxo de mercadorias em torno de Viracopos, o segundo maior aeroporto de cargas do país.

Apenas nas últimas seis semanas houve seis grandes assaltos --e cerca de R$ 9 milhões em itens roubados.

Alguns crimes ocorreram quase ao mesmo tempo, como no último dia 24.

Às 10h30, bandidos levaram R$ 1,3 milhão em celulares na rodovia Dom Pedro 1º, em Nazaré Paulista. Duas horas depois, uma carga de microprocessadores também avaliada em R$ 1,3 milhão --e com apenas 41 kg-- era roubada na rodovia dos Bandeirantes, em Campinas.

"Campinas virou o Triângulo das Bermudas' do roubo de cargas", diz Autair Iuga, presidente do Semeesp (Sindicato das Empresas de Escolta de SP), em referência à região do mar do Caribe conhecida pelo desaparecimento de navios e aviões.

Iuga atribui a situação ao perfil do parque industrial. "Os roubos de eletroeletrônicos hoje são coqueluche, e todas as indústrias que montam esses produtos estão na região."

Segundo Orlando Fontes Lima Jr., do laboratório de logística da Unicamp, pelo "Triângulo" passa mais da metade do valor total das mercadorias transportadas no Estado.

As quadrilhas atuam sobretudo nas rodovias, durante o traslado das cargas entre Viracopos e empresas como Dell, LG e Samsung.

O caso mais recente ocorreu na terça, quando parte de uma carga de celulares da Samsung, avaliada em R$ 1,4 milhão, foi levada na rodovia José Roberto Magalhães Teixeira, que liga a Dom Pedro 1º à via Anhanguera.

Horas depois, a polícia recuperou 631 dos 900 aparelhos numa casa, onde apreenderam fuzis, pistolas, revólveres e veículos. Ninguém foi preso.

LOGÍSTICA DO CRIME

A boa estrutura de estradas também facilita a ação dos bandidos. "Temos as melhores estradas, e o roubo de carga é beneficiado pelo escoamento [dos produtos]", lamenta Anselmo Riso, diretor de comércio exterior do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de SP) em Campinas.

As 462 ocorrências de roubo de carga registradas na área de Campinas de janeiro a setembro deste ano já superam os 425 casos de 2012.

Os crimes se concentram em Campinas, Jundiaí, Itupeva, Indaiatuba, Louveira, Valinhos e Vinhedo --cidades cortadas pelas rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Santos Dumont e Dom Pedro--, mas ainda há ocorrências em outras cidades próximas, como Nazaré Paulista.

Juntos, os municípios do "Triângulo das Bermudas" respondem por 87% dos roubos de carga na região. E os números individuais de crescimento ante 2012 são alarmantes: 700% (Itupeva), 400% (Indaiatuba), 167% (Vinhedo), 150% (Jundiaí), 117% (Valinhos), 67% (Louveira).

Especialista em logística, Fernando Salgado, da FGV, prevê aumento de custos. "Se o roubo aumentou 46% na região de Campinas, o preço do seguro [das cargas] vai aumentar na mesma proporção. E se o preço do frete aumenta, aumenta o produto."


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