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Ilustrada - em cima da hora

Morre o artista plástico Gustavo Rosa, 66 anos

Conhecido por sua obra alegre, pintor foi vítima de um câncer de medula

'Ele foi um filho direto do traço de Di Cavalcanti', avalia o crítico de arte e seu amigo Jacob Klintowitz

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Morreu ontem à tarde em São Paulo, aos 66, o artista plástico Gustavo Rosa, vítima de complicações de um câncer na medula. Ele estava internado havia quase um mês no hospital Albert Einstein.

Rosa foi um artista autodidata conhecido por suas pinturas ultracoloridas, em geral de gatos e mulheres rechonchudas. Sua obra, de acolhida tímida entre os críticos, foi um grande sucesso comercial, sendo vendida por ele mesmo em seu ateliê.

Antes de se firmar como artista plástico, o paulistano trabalhou como cartunista e fez ilustrações publicitárias, o que rendeu grande exposição à sua obra, colecionada por celebridades e socialites.

"Ele transitou por várias esferas, ficando entre o universo da comunicação e o da arte", diz o crítico Jacob Klintowitz, sobre Rosa. "Foi um artista popular, um filho direto do traço de Emiliano Di Cavalcanti, enquanto a grande inspiração do desenho dele é a fase em que Picasso fez suas grandes figuras de homens e mulheres."

Tanto que seu biógrafo, Márcio Pit, chega a dizer que Rosa queria ser como Picasso, chegando a retomar alguns aspectos de composições cubistas em sua obra.

Na juventude, ele também frequentou os ateliês de Alfredo Volpi e Aldo Bonadei. "Ele acompanhou muito o trabalho desses mestres", conta Pit, que lança em dezembro o que chama de "biografia autorizada" de Rosa. "Era um dos poucos com livre acesso ao ateliê do Volpi."

Traduzindo essas influências para um estilo inconfundível, e de pegada mais comercial, Rosa conseguiu conquistar não só o mercado brasileiro como também passou a vender telas numa galeria de Nova York nos anos 1980.

Na mesma década, teve seu maior reconhecimento no Brasil, ao participar do Panorama da Arte Brasileira, tradicional mostra do Museu de Arte Moderna paulistano.

Solteiro convicto, Rosa, segundo amigos, escolheu ficar só e não quis ter filhos para se dedicar só ao trabalho. Também não faltavam compradores para suas telas até seus últimos anos de vida.

Sua única queixa, segundo o humorista Juca Chaves, um de seus amigos mais próximos, eram as dores que enfrentava por causa do câncer, doença que combateu ao longo dos últimos dez anos.

"Ele andou um pouco agressivo e deprimido nos últimos tempos", conta Chaves. "Não tinha horários e estava bebendo muito, até duas garrafas de vinho por noite."

Rosa, que amigos classificam como um "operário da pintura", seguiu trabalhando até ser internado no fim de outubro por causa de um pólipo detectado no intestino.

Após passar por uma cirurgia de emergência, ele sofreu uma embolia pulmonar e ficou em coma induzido. "O câncer foi minando a vida dele", diz Chaves. O corpo será cremado amanhã no Horto da Paz, em Itapecerica da Serra (SP).


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