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Colégio pede para aluno cortar cabelo 'black power'

Escola privada de Guarulhos diz que deu sugestão por ser 'mais higiênico'

Família de menino de 8 anos desconfia de preconceito; diretora nega e afirma que ele coçava a cabeça

TATIANA CAVALCANTI DO "AGORA"

Um escola particular de Guarulhos (Grande SP) pediu para um aluno que cortasse seu cabelo crespo e volumoso, no estilo "black power".

A mãe do menino de 8 anos se recusou a obedecer a solicitação --e, em seguida, não conseguiu a rematrícula do filho. A família desconfia ter sido vítima de preconceito.

O colégio nega --e diz ter feito a sugestão por avaliar que seria "mais higiênico".

Tido como aluno exemplar do colégio Cidade Jd. Cumbica, Lucas Neiva acabou de concluir o 3º ano do ensino fundamental com notas altas.

"Fiquei triste quando a diretora me tirou de uma aula em agosto para pedir que eu cortasse o cabelo, que é superestiloso. Eu estava fazendo sucesso entre meus colegas. Depois disso, comecei a sofrer chacotas", contou.

A mãe dele, a gerente financeira Maria Izabel Neiva, 37, questionou o pedido.

Em resposta, o colégio disse, por meio da agenda escolar, que Lucas deveria "usar um corte de cabelo mais adequado" e que o próprio menino teria reclamado do comprimento --o que ele nega.

Em outro bilhete, a professora disse que "esse cabelo realmente não é usado aqui no colégio pelos alunos".

Inconformada, Maria Izabel foi discutir o assunto pessoalmente com a diretora. "Eu disse a ela que o cabelo do meu filho não o atrapalhava na aula. Ela me respondeu que era ele que atrapalhava os outros alunos. Desconfio que houve preconceito."

Na terça-feira passada, após reunião de professores, Maria Izabel afirma que foi impedida de fazer a matrícula do filho, enquanto outras mães estavam conseguindo.

Um boletim de ocorrência foi registrado no 3º DP de Guarulhos para a investigação de eventual racismo -- crime que prevê pena de três a cinco anos de prisão.

A diretora do colégio, Alaíde Ugeda Cintra, nega preconceito com o aluno.

"Sugerimos o corte porque é mais higiênico. Ele voltava da educação física coçando a cabeça e reclamando. Temos outros alunos cabeludos que usam rabo-de-cavalo."

Sobre a rematrícula, a diretora disse que foi a mãe quem perdeu o prazo, que era 14 de novembro.

"Outras mães conseguiam matricular filhos em outras séries", afirmou.


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