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Brasil e União Europeia se unem contra tráfico na Copa do Mundo
Polícias formam ação conjunta, prevendo aumento da venda de cocaína durante os jogos
Estudo apresentado em Madri aponta hoje o país como o 'lugar mais importante para narcotráfico mundial'
O aumento do tráfico e do consumo de cocaína no Brasil durante a Copa do Mundo de 2014 é foco de uma operação conjunta das polícias do Brasil e de países da União Europeia.
O bloco, em estudo apresentado ontem em Madri, situa o Brasil como "o lugar mais importante para o negócio do narcotráfico mundial" atualmente.
"Evidentemente que na Copa o tráfico de cocaína vai aumentar, porque vai haver um trânsito importante de pessoas", disse à Folha o inspetor-chefe da polícia espanhola, Marcos Alvar.
Alvar é coordenador na Europa do Ameripol, um projeto no qual polícias da Europa e da América Latina trocam informações.
Forças policiais de ambos os continentes já trabalham em operação conjunta para conter a entrada de cocaína no Brasil durante os jogos no ano que vem.
EPICENTRO
O estudo, feito com as informações do projeto, diz que o Brasil se tornou o epicentro do narcotráfico mundial.
Isso porque, diz o documento, o país é refúgio para chefões do tráfico da América Latina em fuga, ponte principal para distribuição de droga produzida no continente para a Europa, provedor de produtos químicos para a produção de algumas delas e também agora um importante mercado consumidor.
Além disso, o país virou a base das grandes novas rotas do narcotráfico mundial, que, de acordo com o estudo, passam pela África para seguir à Europa e à Ásia.
POLÍCIA LIMITADA
No documento, a União Europeia afirma ainda que a Polícia Federal brasileira, apesar de "altamente profissional, tem força limitada, com menos de 8.000 homens, e faltam investigadores criminais no país".
"Falta também um empurrão político", afirmou Alvar.
O documento alerta ainda para a fragmentação da entrada de drogas no Brasil.
A maior parte das drogas, afirma Alvar, entra no Brasil por meios de transporte como pequenos aviões, balsas e caminhonetes, vindas da Venezuela, da Colômbia, do Peru e da Bolívia.
O Brasil passou a preocupar a União Europeia não mais apenas pela produção e pelo transporte para a Europa, mas agora pelo consumo interno.
A maior parte da cocaína que se consome no Brasil, no entanto, é de qualidade ruim, originária da Bolívia, porque a colombiana costuma ir direto para a Europa.
Já a maconha consumida internamente vem em maior parte do Paraguai, afirma o documento.