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Em Araraquara, câmeras da guarda 'espiavam' mulheres
Vídeos com closes de decote e short derrubam cúpula municipal da Segurança
Secretário da Segurança e chefe da corporação deixaram seus cargos; sindicância apura caso, afirma a prefeitura
A cúpula da Guarda Civil de Araraquara foi demitida e o secretário municipal de Segurança Pública foi trocado após a revelação de que agentes usavam as câmeras de segurança da cidade para filmar mulheres em closes e casais namorando.
Uma sindicância apura o caso na prefeitura.
Na quarta-feira, a vereadora Gabriela Palombo (PT) divulgou vídeos que, segundo ela, lhe foram entregues por uma pessoa com acesso à central de monitoramento.
Em um deles, as câmeras "seguem" uma mulher de blusa decotada e short em uma das principais ruas de comércio da cidade, em horário de movimento intenso de pedestres.
O operador da câmera, em diversos momentos, busca closes do decote e das nádegas da moça.
Outro vídeo divulgado pela vereadora mostra um casal de jovens namorando em uma praça. A câmera, na maior parte do tempo, foca as partes íntimas da garota, que está deitada no colo do rapaz, em um banco.
CARGOS
Rudi Bauer Zytkuewisz, comandante da Guarda Civil, e Alexandre Pomponi, gerente da central de monitoramento, pediram demissão.
Outros sete guardas que atuavam como gerentes também entregaram os cargos ontem e, segundo a prefeitura, voltarão a exercer suas funções iniciais.
O anúncio foi feito ontem pelo prefeito Marcelo Barbieri (PMDB), que nomeou o coronel reformado da Polícia Militar José Antônio Spera como secretário de Segurança Pública na vaga deixada por Eli Schiavi.
Segundo a prefeitura, Schiavi havia pedido exoneração do cargo anteontem --um dia depois da divulgação das imagens -- alegando problemas de saúde. Pretende realizar um tratamento médico contra úlcera e diabetes.
SEM INTERFERÊNCIAS
A administração municipal informou também as demissões evitam suspeitas de interferências nas investigações e permitem que o novo secretário possa nomear livremente sua equipe.
A sindicância aberta vai investigar, disse a prefeitura, se as imagens divulgadas foram feitas pela central de monitoramento da Guarda Civil e quem foram os responsáveis por fazê-las.
A investigação ficará a cargo da Secretaria de Negócios Jurídicos e não terá a participação de guardas.
Ontem, por meio da corporação, a Folha não conseguiu contatar nem o ex-comandante Zytkuewisz nem Pomponi, o ex-gerente da central de monitoramento da guarda.