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Argemiro Martins dos Santos (1939-2013)

Gemirão, o locutor de Ituverava

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

Nas cercanias de Ituverava, no interior de São Paulo, não havia disputa de futebol sem a narração de Argemiro Martins dos Santos, o Gemirão. E, se houvesse, provavelmente ninguém ficaria sabendo do tal jogo.

Encontrar o locutor em casa durante os fins de semana era praticamente impossível. Logo pela manhã, saía vestindo terno e carregando um microfone e um amplificador, para que todos que estivessem nas arquibancadas pudessem ouvir sua voz.

"A folha da bananeira, de verde, ficou madura. Quem mexe com mulher casada não tem vida segura. Cada passo que ele dá é um caminho para a sepultura", dizia, depois de uma jogada pouco habilidosa de um dos atletas de final de semana.

O estilo de sua narração era assumidamente caipira. As brincadeiras e versos foram decorados ao longo de 60 anos de trabalho em oficinas de carpintaria. Contava ainda com um fôlego e memória invejáveis para narrar os nomes dos jogadores de até quatro partidas por dia.

O locutor ainda angariava doações para realizar festas em Ituverava. Era tido como um agitador cultural.

Gemirão, que estudou apenas até a 4ª série, estava na cerimônia de diplomação de seu primeiro filho a completar o ensino universitário quando sofreu um infarto. Morreu no dia 20, aos 74 anos. Deixa nove filhos e 18 netos.

Todos os jogos do dia seguinte a sua morte, um sábado, foram suspensos na região em que ele morava.


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