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Waldemar Neddermeyer Belfort Mattos (1929-2014)
O charmoso e simpático Walde
ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULOPara ir até a esquina comprar algo, Waldemar Belfort Mattos demorava pelo menos umas duas horas para voltar.
Simpático e conversador, conhecia todo o mundo e não perdia a oportunidade de trocar uma palavrinha com que encontrasse pelo caminho.
E foi assim, batendo um papo aqui, outro ali, que aprendeu mais seis línguas.
Waldemar começou a trabalhar muito cedo para ajudar a família, após o pai, um médico comunista, ser preso.
Ainda assim, não deixou o esporte, uma de suas grandes paixões, de lado. São-paulino fanático, foi vice-campeão paulista de boxe e jogou vôlei de praia até os 60 anos de idade. No bridge e no xadrez, era o terror dos adversários.
Alto e bonitão --apesar do nariz torto, resquício das lutas de boxe--, fazia um sucesso imenso com as mulheres.
Corinha até tentou esquecê-lo ao não ser correspondida. Foi para a Europa, mas, quando voltou, encontrou um Waldemar apaixonadíssimo por ela. Foram casados por cerca de 35 anos, até a morte dela, no começo da década de 90. Tiveram dois filhos: um menino, que leva o nome do pai, e Ivete.
Walde sempre foi um conciliador entre familiares e amigos. Ensinou aos filhos que não havia diferença entre os direitos de homens e mulheres. Fazia faxina e cuidava sozinho da casa até poucos meses atrás.
Quando sua empresa de manufatura de madeira lhe permitia, arrumava as malas e ia viajar. Nas palavras de Ivete, "viveu e amou muito".
Diabético, morreu na sexta-feira (3), aos 84. Além dos filhos, deixa quatro netos.