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Viciados deixam 'favelinha' da cracolândia

Usuários hospedados nos hotéis do entorno já receberam os uniformes e começam a trabalhar com varrição hoje

Visibilidade da ação causou falta de crack na área, gerando tensão entre usuários na madrugada de ontem

DE SÃO PAULO

Foi concluída ontem, de forma pacífica, a remoção da "favelinha" erguida por viciados em duas ruas da cracolândia, no centro de São Paulo.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, José de Filippi Jr., hoje devem ser removidos os 27 barracos que restam, todos próximos ao largo Coração de Jesus.

Ao todo foram cadastrados 147 barracos e 300 pessoas --que receberão tratamento médico e trabalharão para a prefeitura. A intenção é que o programa seja estendido para outras 30 minicracolândias pela cidade.

"Tenho uma filha de dois anos que nasceu cega por causa do crack. Tenho tanta vergonha disso, que nunca tive coragem de conhecê-la. Quem sabe com essa oportunidade eu possa visitá-la", diz Vanderllei da Silva Filho, 44, usuário há 25 anos.

Trabalharam na remoção dos barracos 150 pessoas da equipe de coleta, varrição e lavagem. A operação durou quase sete horas e teve a colaboração dos usuários.

Apesar de satisfeitos com a mudança para um hotel, parte não acredita que a ação vá durar muito.

"Dar uma cama quente e um ambiente limpo não é o suficiente. Participo porque minha situação é indigna", diz Thiago Moraes, 32.

Para coibir a construção de novos barracos, a Guarda Civil Metropolitana estacionou veículos nas vias desocupadas ontem e fará um reforço no efetivo da região.

A prefeitura firmou ainda um pacto com os moradores, com o objetivo de que eles ajudem a monitorar a área. "Se alguém montar barraco, vamos arrancar. É o nosso acordo", diz João Carlos, 32.

No fim da tarde de ontem, os usuários que já estavam alojados receberam o kit higiene. Foi entregue também o uniforme de trabalho, com calça, camisa e boné.

Todos devem começar a trabalhar com varrição hoje.

"Tem mais de 30 anos que não vejo um teto, vai ser estranho. Mas ter um trabalho vai me ajudar a trazer meus filhos para morar comigo pela primeira vez", diz Isaac Washington, 33.

A operação foi acompanhada de longe pela PM. Na última vez que ela protagonizou uma ação na cracolândia, em 2012, foi alvo de ações judiciais que questionaram o uso de violência.

De acordo com usuários, a visibilidade da operação afastou os traficantes da área, o que levou à escassez de crack na noite de terça. Sem a droga, houve um aumento nas crises de abstinência e o dia amanheceu tenso ontem.

Durante a madrugada, alguns drogados estavam desesperados por crack. "Vi gente chorando por um trago", diz uma usuária.


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