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Contra
'É como colocar alcoólatra para trabalhar em bar'
DE SÃO PAULOO psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do Programa Recomeço, do governo do Estado, defende que o viciado seja afastado do ambiente em que está acostumado a consumir drogas. Por isso, acha pouco provável o sucesso da iniciativa da prefeitura.
O programa que ele coordena está baseado no resgate dos dependentes químicos para serviços de saúde, oferecendo vagas em clínicas especializadas e nas chamadas comunidades terapêuticas.
Para Laranjeira, só depois de ter o vício e suas consequências estabilizadas é que o dependente deve começar a trabalhar. "Em alguns casos, leva-se meses", afirma.
Folha - O senhor acredita na abordagem feita pela prefeitura?
Ronaldo Laranjeira - Torço muito para que dê certo, mas acho pouco provável.
O mais crível é que essas pessoas façam dos hotéis novos locais de uso. Os usuários foram colocados todos juntos, assim, manteve-se a lógica da rua, uma lógica que não tem muita ética.
Seria preciso retirá-los de vez da cracolândia?
É preciso ter um componente social terapêutico.
Quando ele vai para uma comunidade terapêutica, ele precisa reaprender a viver em sociedade.
Deixá-los na cracolândia é o equivalente a colocar um alcoólatra para trabalhar dentro de um bar.
Qual seria o melhor protocolo para o tratamento, em sua opinião?
Conceitualmente, deve-se estabilizar a pessoa e retirá-la do ambiente de trabalho.
Na sequência, se faz o tratamento e só depois vem o trabalho. Em alguns casos, leva-se meses até que a pessoa consiga se estabilizar minimamente para trabalhar.