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Renda vem do lixo da Santa Ifigênia

Eletrônicos descartados por lojas da região são revendidos por moradores da cracolândia para sustentar vício

Com objetos tirados do lixo de vários locais do centro, nigeriano fez 'lojinha' em seu barraco na extinta 'favelinha'

DO EDITOR DA "TV FOLHA"

"Quem pensa que só tem ladrão na cracolândia está errado. Não preciso roubar, isto aqui é o centro de São Paulo e tá cheio de dinheiro no lixo. É só meter a mão no que jogam fora e revender", conta M., 25, enquanto se prepara para fumar a quinta pedra de crack do dia.

Na cracolândia, boa parte dos usuários vive do que é descartado pelas lojas de eletrônicos da região da rua Santa Ifigênia, próxima dali.

Quando a pedra e o dinheiro acabam, alguns saem andando pela cidade "na noia", sempre olhando para o chão, na esperança de encontrar uma pedrinha perdida na calçada. Nessa busca, muitos deles vão parar em bairros distantes do centro, como Jardins e Morumbi (zona oeste).

Alguns tentam sustentar o vício vendendo cachimbos novos por R$ 2. Segundo um deles, esse é um ótimo negócio, porque os usuários costumam estragar seus cachimbos "tochando" --quando a pedra acaba, tentam fumar a resina que ficou grudada no cano do cachimbo.

Os melhores cachimbos são feitos unindo o cano de uma antena de rádio a uma "casinha", nome da parte em que se coloca a pedra.

As "casinhas" preferidas são feitas com uma peça de fogão, mas o cachimbo de luxo na cracolândia é feito com partes de pilha. Segundo usuários, a química da pilha aumenta os efeitos da droga.

'LOJINHA'

Um nigeriano, que não disse seu nome, havia transformado seu barraco na "favelinha" em uma pequena "loja" de objetos recolhidos no lixo.

Em uma estante estavam dispostos fitas VHS, dois capacetes usados, um quadro com a célebre foto "O Beijo", do fotógrafo francês Robert Doisneau (1912-1994), metade de um manequim de loja, uma máquina leitora de cartão quebrada, um carrinho de bebê, roupas e sapatos.

Além disso, o rapaz nigeriano também revende CDs e DVDs piratas conseguidos na Santa Ifigênia. "Isto aqui eu vendo, troco, faço rolo, o que for, é tudo barato. O importante é sobreviver", diz.

"Na cidade de onde eu vim, a gente tem que andar horas pra encher uma garrafa de água. Aqui no Brasil é um desperdício total. As pessoas jogam água na calçada. Você vai ao Mercadão e tem fruta à vontade no chão. Os brasileiros não dão valor."


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