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Vereador quer discutir ideia de torres em parque

Empresas donas de terreno na Augusta propõem pagar por criação de área verde

Em troca, construtoras querem erguer dois prédios com 100 m de altura no local, o que exigiria mudar norma

DANIEL VASQUES DE SÃO PAULO

Donas do terreno destinado à construção do parque Augusta, na região central de São Paulo, duas incorporadoras estão propondo à prefeitura, que está sem dinheiro para tocar o projeto, bancar a implantação do parque, desde que também possam erguer duas torres com cem metros de altura no local.

Para isso, seria preciso alterar no Conpresp (conselho do patrimônio histórico) trecho de resolução de 2004 que proíbe torres com mais de 45 metros de altura na área.

O vereador Nabil Bonduki (PT), relator do Plano Diretor, afirmou à Folha que aceita discutir a proposta das incorporadoras Setin e Cyrela. Para ele, é preciso evitar o discurso "extremo e apaixonado" em torno do assunto.

Segundo Bonduki, a desapropriação do terreno custaria R$ 100 milhões. Em sua opinião, seria uma irresponsabilidade a prefeitura gastar esse dinheiro com isso.

"Há chances muito concretas de o parque sair do papel nesta gestão, mas, se for a área total, vai haver dificuldade, porque a prefeitura não tem recursos", diz Bonduki.

"Se for com algum tipo de concessão, tem a chance de sair mais rapidamente."

Em 23 de dezembro, o prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou lei que autoriza a criação de área verde no terreno, mas não fixou tamanho ou prazo para isso ocorrer.

Neste mês, a prefeitura anunciou que estão congeladas as desapropriações no município, para conter gastos da administração.

'QUINTALZINHO'

Setin e Cyrela propõem construir o parque e administrá-lo, destinando 80% do terreno para a circulação pública. As empresas propõem também pagar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) da área.

A proposta, apresentada pelas empresas Setin e Cyrela, já causa polêmica entre moradores da região, que desejam que 100% do terreno virem um parque público.

"Se houver qualquer concessão, vai ser um condomínio com quintalzinho', não um parque", diz Celia Marcondes, fundadora da Samorcc (associação do bairro de Cerqueira César).

Antonio Setin, presidente da incorporadora Setin, elogia a lei que determina a criação de um parque no local e afirma não ter dúvidas de que seu projeto de construir duas torres, com cem metros de altura cada, vá sair do papel.

PIQUENIQUE VETADO

Oito frequentadores da área pediram na Justiça a abertura imediata de seus portões para o público. O pedido foi negado.

De acordo com a decisão judicial, a mera condição de frequentadores do "parque" não lhes dá legitimidade para propor uma ação nesse sentido --caberia ao Ministério Público mover uma ação civil pública com o pedido.

"Para fazer piquenique hoje, [frequentadores] vão ter de passar por cima do muro", diz Antonio Setin.

"A polícia está instruída por nós formalmente. Invadiu, vai para delegacia, faz inquérito, porque isso é crime", afirma o executivo.


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