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Grandes cidades têm média de oito ataques a ônibus por dia

Do início de 2013 até ontem, 230 foram queimados e 3.111, depredados; prejuízo chega a R$ 69 mi

Dados são de Estados, prefeituras e sindicatos; apenas ontem, 25 foram depredados em protesto em Porto Alegre

JULIANA COISSI DE SÃO PAULO ANDRÉ UZÊDA DE FORTALEZA

A cada dia, em média, oito ônibus são incendiados ou depredados nas 27 regiões metropolitanas das capitais.

Levantamento da Folha com base em dados de governos, prefeituras e sindicatos de empresas mostra que, do início de 2013 até ontem, 230 veículos de transporte coletivo foram queimados e outros 3.111, depredados.

Nas capitais e no entorno, a motivação para os atos de vandalismo é variada, como ações do crime organizado, reivindicações específicas de moradores, protestos populares como os de junho pelo valor da tarifa e até vandalismo em dias de jogo de futebol.

O total de 3.341 ônibus representa uma média de oito ataques a cada dia e de cerca de 255 por mês. O prejuízo chega a no mínimo R$ 69 milhões, se considerados só os ônibus incendiados --um modelo tradicional custa R$ 300 mil.

Já as consequências às vítimas não podem ser contabilizadas. Um dos incêndios a ônibus no Maranhão, no início do mês, resultou na morte de uma menina de seis anos e em quatros feridos.

Os atentados, diz o governo, foram ordenados por criminosos presos no complexo penitenciário de Pedrinhas.

Apenas ontem, em Porto Alegre, 25 ônibus foram depredados durante a greve de motoristas e cobradores.

Em Santa Catarina, 97 suspeitos foram indiciados, entre outras ações, sob suspeita de ataques a 43 ônibus no início de 2013. As ordens partiram de uma facção criminosa.

'VITRINE'

Atacar um ônibus tornou-se vitrine para manifestantes e criminosos, segundo Otávio Cunha, presidente-executivo do NTU, associação nacional das empresas de ônibus.

"Houve um acréscimo [em 2013]. As manifestações de junho acirraram os ânimos."

Para o professor Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos de Violência da USP, os ataques não têm uma causa única.

A morte de um jovem na favela, por exemplo, pode ser mais um estopim do que uma causa para a ação.

"Pode ter um sentimento de insatisfação acumulada com as falhas no transporte e com o fato de o poder público não cuidar do bairro", afirma.

Da mesma forma que, em países como a França, ataques a veículos podem ser reflexos de uma mudança na sociedade, diz Adorno.

No caso do Brasil, seria fruto de uma geração que, apesar de mais escolarizada e com mais poder de consumo, percebe que não teve o melhor ensino possível e que, mesmo consumindo, não é reconhecida pela sociedade.


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