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Botão secreto foi acionado e motivou caos, afirma Metrô
Dispositivo na plataforma que tira energia de trilhos foi ligado 3 vezes
Por causa disso, trens ficaram sem luz e ventilação, e usuários invadiram as vias, de acordo com companhia
O Metrô diz que o acionamento de um botão "secreto" nas plataformas de três estações por pessoas desautorizadas potencializou o tumulto na última terça-feira na linha 3-vermelha.
Foi o acionamento, afirma a companhia, que levou os passageiros a invadirem os trilhos, o que causou a paralisação das operações e fechou estações da linha 3.
Os botões, segundo o Metrô, não têm sinalização e são conhecidos principalmente por funcionários da empresa --que os utilizam, por exemplo, se alguém cai nos trilhos-- ou por curiosos com conhecimento específico do funcionamento das estações.
Acionados, eles desligam a energia dos trens e da linha na plataforma da estação e de duas estações seguintes: a que fica antes e a que está depois. O trem para onde está e fica sem luz e sem ventilação.
CERTEZA
A companhia afirma estar certa de que não foram funcionários das estações que apertaram os botões. Diz ter enviado imagens do circuito interno à polícia, que apura possibilidade de sabotagem.
Afirma ainda que o centro de operações é avisado assim que uma linha fica sem energia. O centro então questiona a estação sobre o que houve. Os funcionários disseram não terem sido eles os acionadores dos botões.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) já sabia do acionamento dos botões secretos ao afirmar, no dia seguinte, que o episódio não foi causado por "geração espontânea" --sugestão de que possa ter havido má-fé.
Diretor de operações do Metrô, Mário Fioratti Filho afirma que cabe à polícia apurar o que houve e se recusou a apontar responsabilidades.
"Isso sai da esfera do Metrô. Não posso fazer juízo de valor. Não vou me manifestar sobre isso", disse ontem.
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior, afirma acreditar que passageiros comuns tenham acionados os botões nas estações.
SEQUÊNCIA
O problema com o Metrô começou após a falha em um trem às 18h06 na estação Sé.
Os botões de emergência nas plataformas foram acionados em um espaço de 19 minutos: primeiro, às 19h36, na estação Marechal Deodoro; depois, às 19h41, no Anhangabaú; e, por fim, às 19h55, na Santa Cecília.
Sem energia, três trens ficaram parados, às escuras, entre as estações da linha 3, o que levou passageiros a abrirem as portas e saírem pelas vias de emergência, que ficam na lateral dos túneis.
Catorze minutos depois do acionamento do último dos botões, na plataforma da estação Santa Cecília, o Metrô parou as atividades entre as estações Barra Funda e Bresser, quase metade da linha.
"Ficou impraticável", diz Mário Fioratti Neto.
Isso porque os passageiros invadiram os trilhos e, segundo o Metrô, chegaram andando por eles até o Tatuapé.
O restabelecimento total da linha 3-vermelha só ocorreu às 23h20. Milhares de passageiros foram afetados.
O acionamento dos botões não elimina o fato de a primeira falha ter sido provocada pelo Metrô. Ela ocorreu em trem na estação Sé: um problema pneumático que segurou a composição na linha por dois minutos.
Até os botões secretos terem sido ligados, desenergizando a rede, o que houve foram usuários apertando botões dentro dos vagões para sair e superlotação nas plataformas das estações.
O Metrô afirma que o problema não ocorreu em um veículo antigo, mas em um de 2010. E que foi a única falha mecânica em trem naquele episódio. As demais foram causadas pelos botões acionados seja nas plataformas ou dentro dos vagões.