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Medo de agressão faz gays andarem em grupo em SP

Jovens adotam táticas contra ataques homofóbicos na região da avenida Paulista

No mês passado, rapaz de 18 anos foi espancado até a morte nas proximidades da rua Augusta, centro

GIULIANA VALLONE DE SÃO PAULO

O biólogo Juliano Polidoro, 26, entrou para as estatísticas. Esse foi seu jeito de contar, em depoimento em seu perfil no Facebook, que no último domingo havia sido mais uma vítima das agressões homofóbicas na região da avenida Paulista.

"Você tenta se blindar, fazer tudo o que for possível para que isso não aconteça com você. Porque se for pensar no medo, não sai de casa."

"Se blindar", para ele e os amigos, é andar sempre em grupo nos arredores da rua Frei Caneca, conhecida pela concentração de bares e casas noturnas LGBT.

"Em geral, eu encontro os meus amigos no metrô na Paulista e então vamos juntos. A última vez que me vi subindo a Frei Caneca sozinho, não acreditei no que estava fazendo, porque aquilo era absurdo", afirma.

Há uma semana, ele decidiu subir a rua Augusta sem companhia e acabou agredido. Foi derrubado por um homem e sofreu várias escoriações ao cair no chão.

"Caí e fiquei pedindo socorro. Foi desesperador, a maioria das pessoas só assistia. Com exceção de duas, que intervieram", diz.

A agressão aconteceu por volta das 22h30, período de grande movimento. "Costumo ter restrições de horário para me proteger. Mas 22h30 não entrava nessa lista."

Em 26 de janeiro, o auxiliar administrativo Bruno Borges de Oliveira, 18, foi espancado até a morte na região. A polícia prendeu seis jovens, que confessaram o crime.

Andar em grupo é uma das soluções encontradas pelos frequentadores da Frei Caneca como forma de se proteger da nova onda de ataques homofóbicos em São Paulo.

A desenhista Cizi Cardoso, 24, só sai com outros sete amigos. "Geralmente, vamos todos de carro. Ou nos encontramos no metrô para andar juntos. E de madrugada, saímos ao mesmo tempo para evitar riscos."

A reportagem da Folha conversou com diversos frequentadores da região. Todos apontaram táticas de como se proteger dessas agressões.

"Eu moro a duas quadras da balada. Mas quando saio sozinho, pego um táxi. Até peço para que o taxista dê uma volta, para a corrida não ficar tão barata", diz o cabeleireiro Alexandre Ribeiro.

"Você não pode beijar seu namorado em público, porque isso vai gerar uma reação absurda, não anda de mãos dadas, evita certas conversas. Você se castra, basicamente", afirma Polidoro.

"A gente tem vontade de fazer coisas, mas está em um momento em que tem que se privar. A vida gay é uma vida de privações", afirma o teleoperador Leandro Moreira, 28.


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