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Zulmira de Almeida Lopes (1916-2014)

Vó Zulmira criou uma grande tribo

ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULO

Neta de índios puris do interior de Minas Gerais, Zulmira dizia criar sua família como uma grande tribo.

Podia passar horas contando aos descendentes histórias de sua infância no povoado de Clemente do Meio, em Visconde do Rio Branco.

Com pitadas de humor e ironia, recordava-se de quando passou com um dos filhos em frente ao primeiro cinema da cidade, que exibia os filmes de portas abertas. Sem saber do que se tratava, não pensou duas vezes em abrir o guarda-chuva ao ver, lá na frente, o quanto chovia.

Outra história que costumava arrancar risos na família era sobre o dia em que vó Zulmira viu pela primeira vez um avião, "com um grande rabo de fumaça". Pensando que era o fim do mundo, ajoe-lhou-se e começou a rezar.

Totalmente dedicada à sua tribo, era de poucos hábitos e hobbies. Estava sempre ajudando na criação de algum dos netos ou bisnetos.

Em um bica onde buscava água, conheceu o amor de sua vida: João, um filho de "coronel"-como os produtores de cana-de-açúcar eram chamados- que passava por ali a cavalo e que também se apaixonou à primeira vista por aquela indiazinha. Casaram-se em 1943.

Tinha um certo ceticismo em relação a tudo que envolve a vida e a morte. Herança da cultura portuguesa, muito forte em sua terra natal, rezava sempre, mas no fundo seu coração era de índia.

Morreu no dia 29 de janeiro, aos 97, de causas naturais. Viúva desde 1994, teve oito filhos, 20 netos e 12 bisnetos.


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