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Associação cria programa para acolher desertor do Mais Médicos
Associação Médica Brasileira promete apoio jurídico e aulas para profissional prestar Revalida
AMB afirma que tomou iniciativa depois da deserção de cubana; Ministério da Saúde não quis se pronunciar
Contrária ao modelo do programa Mais Médicos, um dos principais do gestão Dilma Rousseff, a AMB (Associação Médica Brasileira) criou uma iniciativa para reter e fixar no país o médico estrangeiro que deixar o programa.
Ela prevê até um "disk-deserção": por um celular 24 horas, o estrangeiro pode solicitar assistência para se desvincular do programa.
Procurado, o Ministério da Saúde não quis se pronunciar.
Lançado em junho, o Mais Médicos utiliza profissionais com diplomas estrangeiros, visando reduzir o deficit no interior ou nas periferias.
Para entidades médicas, entre elas a AMB, esses profissionais podem ter conhecimentos insuficientes e são trazidos sem critério de avaliação. Essa oposição, porém, não encontrou eco na população, que aprovou a vinda dos estrangeiros, segundo pesquisas.
A iniciativa da AMB é mais um capítulo desse embate.
Ela prevê que o estrangeiro receba apoio jurídico no julgamento de pedidos de asilo ou refúgio e conte com aulas on-line para prestar o Revalida, o exame que reconhece o diploma estrangeiro --participantes do Mais Médicos têm permissão específica.
A associação afirma ainda que vai ajudar financeiramente o desertor por meio de parcerias com empresas e entidades médicas.
O presidente da AMB, Florentino de Araújo, diz que tomou a iniciativa após a deserção, na semana passada, da cubana Ramona Rodriguez.
"Ela nos disse que teve a liberdade cerceada. Só podia sair de casa para trabalhar. Se fosse viajar, teria de notificar seu supervisor em Belém. Ao nosso ver, isso significa que o governo patrocina um modelo análogo à escravidão."
Contratada pela AMB para prestar assessoria, Ramona segue à espera do julgamento do pedido de refúgio no país.
Após o caso dela vir a público, a AMB diz ter recebido dez novos pedidos de auxílio à deserção de cubanos.
Araújo diz que os cubanos terão mais atenção da associação "devido à insegurança jurídica do convênio que os trouxeram ao país".
Hoje, atuam no Brasil pelo Mais Médicos 7.400 profissionais cubanos.