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Cotidiano

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Campinas bloqueia rio e afeta cidades vizinhas

Municípios como Americana e Paulínia dependem do rio Atibaia

Empresa de saneamento diz que obra é legal; farmacêutica em Paulínia já paralisou parte da produção

LUCAS SAMPAIO DE CAMPINAS

Diante do risco cada vez maior de racionamento, Campinas represou toda a água do rio que abastece a cidade e secou todo o curso restante, pondo em risco o abastecimento de cidades vizinhas.

A medida da Sanasa (empresa local de saneamento), ao lançar pedras e terra no rio Atibaia há duas semanas, teve como objetivo diminuir a velocidade da água e facilitar a captação diante da seca.

Mas sem as chuvas e com o leito cada vez mais seco, a obra, chamada de enrocamento, se transformou no bloqueio completo.

Hoje, toda a água que chega a Campinas pelo rio Atibaia é distribuída na própria cidade, já que o fluxo natural está interrompido.

Outras cidades e grandes indústrias da região dependem do Atibaia, que passa ainda por Paulínia, Sumaré e Americana, se junta ao rio Jaguari e forma o Piracicaba.

A Sanasa tem licença para captar até 4,7 m³/s de água do Atibaia, que estava ontem com apenas 3,4 m³/s de vazão. A média histórica de fevereiro é de 45 m³/s no local.

A empresa informou que a obra é legal e não é preciso autorização para realizá-la, pois está captando menos do que a vazão permitida.

"Esse enrocamento tem de ter autorização do Departamento de Águas e Energia Elétrica", diz Francisco Lahoz, secretário-executivo do consórcio intermunicipal da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

"A legislação diz que é preciso manter uma vazão mínima para manter o curso d'água", completa Lahoz.

Procurada, a Agência Nacional de Águas informou que o DAEE (departamento estadual de águas e energia) deve analisar o caso pois o Atibaia é um rio estadual.

Também procurado, o DAEE não respondeu até a conclusão desta edição.

Com esse bloqueio, Lahoz diz que o Atibaia está "ressurgindo" ao ser alimentado por "pequenos contribuintes", como córregos e ribeirões afluentes, localizados após a captação em Campinas.

AFETADOS

Uma das cidades que dependem da água do rio Atibaia, Sumaré enfrenta problemas de abastecimento, principalmente nas regiões mais altas do município.

Mas, segundo o DAE (Departamento de Água e Esgoto) local, a falta de água ocorre devido a perdas no sistema de distribuição da cidade.

Na terça, a Rhodia, maior empresa de produtos químicos do Brasil, paralisou uma de suas linhas de produção, na fábrica de Paulínia, devido à pouca disponibilidade de água no rio Atibaia.

Maior refinaria da Petrobras no país, a Replan também faz captação no Atibaia.

Procurada, a petrolífera informou que está operando suas unidades industriais normalmente em Paulínia, mas "está atenta à situação de estiagem e mantém contatos permanentes com os órgãos competentes".

"Uma indústria ter de reduzir a produção é uma catástrofe, pois causa demissões e gera inflação", diz José Nunes Filho, diretor do Ciesp Campinas.


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