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Cotidiano

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País em protesto

'Black blocs' do Rio reúnem anarquistas e grupos de esquerda

Protestos com reivindicações variadas juntam frentes de diversas inclinações políticas e até o "Batman"

Mascarados assumem a linha de frente dos atos e são seguidos pelos movimentos de estudantes e partidos

LUCAS VETTORAZZO DO RIO

"Não vai ter Copa"; "não aguento mais Sérgio Cabral e Eduardo Paes", "olê, olê, olê olá, se a passagem não abaixar, o Rio vai parar". Nas manifestações de rua do Rio há palavras de ordem que são unânimes, entoadas por diferentes grupos, não importa a inclinação política.

Desde junho, movimentos sociais, militantes de partidos de esquerda, estudantes universitários, anarquistas e jovens de classe média interessados em reformas convivem entre si nos protestos quase semanais.

Na linha de frente vão os adeptos da tática "black bloc" --que prega a destruição de patrimônio. Eles sempre vestem preto e cobrem o rosto. Na maioria, são bastante jovens, de classe média e classe média baixa, interessados em ação. Não têm, contudo, o estofo político, por exemplo, dos chamados militantes clássicos.

Foram às ruas como "manifestantes comuns" pela primeira vez em junho, quando a repressão policial estourou, o que fez engrossar suas filas.

"Eu estava dia 20 de junho na av. Presidente Vargas quando, depois de uma correria, vi o caveirão' da PM vindo na minha direção com três garotos mascarados pendurados no capô e socando o vidro", conta, sob anonimato, um dos adeptos.

"Na hora eu senti medo, mas larguei meu cartaz e parti para o combate. Deixei de ser coxinha para virar black bloc' nesse dia", completa.

"Eu vi o Choque correr do black bloc'" e "Rio de Janeiro sensacional, tomou a Alerj de pedra e pau", são os gritos entoados, com certo orgulho, por eles, sempre dispostos ao confronto ou à chamada depredação simbólica.

SEM GOVERNO

Em uma segunda linha, mas muito misturados aos "black blocs", vão ativistas da FIP (Frente Independente Popular), criada durante as jornadas de junho e que reúne 15 movimentos sociais de esquerda e anarquistas.

Quando as manifestações diminuíram no Rio, era a FIP quem sustentava uma agenda de atos quase diários na frente do Palácio Guanabara, sede do governo do Estado.

Seus integrantes pregam que "o poder do povo vai fazer um mundo novo" e lutam contra o que chamam de "farsa eleitoral".

Defendem a participação popular nas decisões do Estado, além dos confron- tos com a polícia e depredações, como forma de luta ou resistência. A Folha tentou contato com integrantes da FIP, mas nenhum quis conceder entrevista.

Integra a FIP também o MEPR (Movimento Estudantil Popular Revolucionário), que tem 14 anos e é comunista de ideologia maoista. Rompeu com a Ubes (União Brasileira dos Estudantes) em 1995 e prega que seu papel é "agitar e propagandear a revolução, organizar a luta de massas e combater o oportunismo".

O OATL (Organização Anarquista Terra e Liberdade), com manifestantes mais reservados e que carregam bandeiras pretas e vermelhas, também faz parte da frente.

Os anarquistas negam a organização social vigente, com partidos políticos e hierarquias institucionais. Eles pregam a autogestão.

Anteriores à existência da FIP, tanto MEPR quanto OATL têm seus "blocos negros". "Eleição é farsa, não muda nada nada não, o povo organizado vai fazer revolução", cantam. No meio da marcha vão ativistas mais interessados em reformas do que revolução, como o MPL (Movimento Passe Livre).

Figuras carimbadas, como um homem vestido de Batman e outro que carrega um cartaz em que se lê "onde está a ossada do Amarildo?", engrossam o grupo. No final vão militantes de partidos e centrais sindicais.


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