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Vista do obelisco põe moradores contra prédios no Ibirapuera

Construção de dois edifícios a menos de 300 metros de monumento gerou disputa com vizinhos

Promotoria decidiu abrir investigação após ser acionada por grupo que enviou laudo sobre 'anomalia' da paisagem

ARTUR RODRIGUES DE SÃO PAULO

A construção de prédios de alto padrão nos arredores do parque Ibirapuera (zona sul de São Paulo) gerou uma disputa pela vista privilegiada.

Os projetos de dois edifícios --um já em obras-- que podem obstruir a visão do obelisco levaram moradores de um condomínio da área a acionar o Ministério Público.

"Quando comprei, pensei na vista eterna", diz o cirurgião plástico Tárcio Antonio Caetano, 44, morador do condomínio Le Paysage, onde há apartamentos de mais de 500 metros quadrados à venda na internet por valores que ultrapassam R$ 5 milhões.

Para tentar impedir as obras, um grupo de moradores do Le Paysage encomendou um laudo ao urbanista Candido Malta. No documento, ele classifica os dois edifícios como uma "anomalia paisagístico-simbólica" que concorre com o monumento.

"Você tem que ter os espaços laterais desobstruídos", critica Malta, citando o exemplo de monumentos do tipo em Washington e Roma. O urbanista defende a demolição do edifício que já começou a ser construído e que a obra do outro não comece.

O obelisco do Ibirapuera é parte do Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932. Por lei, é preciso ter autorização dos órgãos de patrimônio histórico para construir dentro do raio de 300 metros de monumentos tombados, como o obelisco.

Tanto o Condephaat (do patrimônio histórico estadual) quanto o Conpresp (municipal) não viram problemas nos projetos.

A urbanista Lucila Lacreta, do movimento Defenda São Paulo, discorda da decisão. "Qualquer obelisco tem que estar num local em que seja visto no entorno", disse ela, que acompanha o caso.

A primeira construção a acender a polêmica foi o condomínio Museu das Pedras, que será sede de uma empresa. O edifício de oito andares é erguido pela Lock Engenharia em um terreno da rua Curitiba, na esquina com a av. 23 de Maio. O prédio já tem alvará da prefeitura.

"Quando entramos com a representação na Promotoria, eles começaram a acelerar as obras e trabalhar à noite", diz a fisioterapeuta Regiane Oliver, 40, moradora do Le Paysage. Ela afirma já não enxergar mais o obelisco.

O arquiteto responsável pelo Museu das Pedras, Ricardo Julião, diz que os moradores que reclamam foram mal informados na hora da compra. E questiona a queixa de que o prédio que projetou atrapalha a paisagem.

"Em uma foto que fizemos do viaduto Tutoia é possível ver que não é o prédio pequeno que interfere na paisagem, mas os gigantes em volta", afirma. Entre os espigões a que ele se refere está o Le Paysage, com 23 pavimentos.

O segundo prédio questionado, da incorporadora Brookfield, fica ao lado do primeiro. Segundo moradores do Le Paysage, a previsão é que tenha a mesma altura do obelisco, 72 metros.

O pedido de alvará está em análise pela prefeitura. Na visão do Conpresp, porém, esse e o prédio vizinho são considerados "viáveis". Segundo o órgão, o raio de 300 metros "não é uma regra" e cada caso é analisado de maneira separada.

O Condephaat afirma que o limite para construção na área é de 72 metros de altura, o que foi obedecido.

A Promotoria do Meio Ambiente abriu dois inquéritos para apurar as queixas.

A Brookfield, em nota, afirmou que "atende à legislação". A Lock informou que a obra está com a documentação aprovada.


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