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Alalaô - Carnaval 2014

Acadêmicos do improviso

Baterias de latão, fantasia doada, falta de gente para desfilar, pouco dinheiro: a realidade das escolas da 6ª e última divisão do Carnaval de SP

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

Na última divisão do Carnaval paulistano, o luxo, o glamour e os efeitos especiais das escolas de samba da elite passam longe. Os patrocínios e o dinheiro rareiam.

A poucos dias do desfile --sábado à noite, em uma avenida da Vila Esperança, zona leste--, as escolas do grupo 4 convivem com o improviso.

A começar pela falta do básico. Sem condição de comprar instrumentos para os 50 ritmistas da bateria, a Em Cima da Hora Paulistana, do Grajaú (zona sul), decorou com papel laminado 25 latões de óleo de 18 litros.

"Compromete o som, mas o que posso fazer? Se não desfilo, a escola é extinta", diz Jair Santos, presidente, sobre penalidade do regulamento.

Na Sai da Frente, do Jardim Boa Vista (zona oeste), também faltam instrumentos, que a escola tenta comprar. Para não correr o risco de estragar os que já existem, só houve dois ensaios.

PREOCUPAÇÕES

Essa é uma das preocupações. A montagem do único carro alegórico atrasou e, até a semana passada, o que representaria as águas de Oxalá era um amontoado de ferro à espera de solda. "A gente tenta, mas está difícil", diz João Pucher, presidente.

A mulher dele, Solange, achou um tapete no lixo para forrar as fantasias. Há a obrigação de que todos os componentes saiam fantasiados --e não havia fantasias o suficiente, mesmo problema da Em Cima da Hora.

Há quem recorra a escolas maiores, que emprestam fantasias de desfiles passados ou as doam. Pedir ao Grupo Especial, nem pensar; ali, as fantasias são vendidas.

Número de integrantes é outra questão. O regulamento prevê ao menos 300, mas é difícil achar gente.

"Eu bato de porta em porta, digo que dou a fantasia" diz Walmir Souza, da Paineira do Sapopemba, na zona leste, cujo enredo falará sobre a cantora Marcia Inayá. Faltam 80 pessoas na escola.

Também é comum procurar associações de bairro para amealhar gente. Mas como decorar a letra do samba?

Uma escola diz dar chicletes aos novatos, de modo que, de longe, pareça aos jurados que quem masca têm o samba na ponta da língua.

"A gente leva o CD no ensaio para ver se a turma decora", diz Sergio Garcia, da Tradição da Zona Leste, de Sapopemba. Ele homenageou a pequena Araçariguama (a 53 km de SP), de olho no patrocínio. Só que, diz, quase ninguém ajudou.

O grupo 4 está na sexta divisão. Acima dela estão o Grupo Especial, o de Acesso e os grupos 1, 2 e 3.

Em Cima da Hora, Sai da Frente, Paineira e Tradição não tiveram verba. Isso porque voltam ao Carnaval após suspensão, por não terem tido pontuação suficiente.

Outras quatro (Imperatriz da Sul, Passo de Ouro, Portela Zona Sul e Só Vou se Você For) levaram R$ 28 mil cada --na elite são R$ 712 mil. Mas é algo insuficiente ante as despesas, diz Sebastião Batista, da Passo de Ouro, do Tucuruvi (zona norte).

As sem dinheiro se queixam de desequilíbrio no desfile. Segundo a Uesp (União das Escolas de Samba Paulistanas), que organiza o Carnaval do grupo 4, isso foi acertado com todas as escolas.


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