Folha de S.Paulo

Carnaval 2014

A fábrica do carnaval

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO LUCIANO VERONEZI ROBERTA JAWORSKI

A linha de produção de uma escola de samba, o barracão, destaca-se pela ausência de hierarquia entre suas etapas e de rigidez nos momentos em que algo é criado ou concluído.

Em uma grande mesa, almoçam o carnavalesco, o diretor de bateria e os operários. A poucos metros dali, descansam fantasias e instrumentos, além de serem fabricados carros alegóricos.

A Folha visitou a "fábrica" onde foi produzido o Carnaval da Rosas de Ouro, que vai hoje para o sambódromo com 3.200 componentes, distribuídos em 24 alas, e que apresentará o enredo "Inesquecível", sobre as fases da vida.

BARULHO

"A infraestrutura dentro do barracão ainda é muito precária para o produto final que é gerado. Tudo é um pouco movido pela paixão das pessoas que estão envolvidas com a escola", diz Jorge Freitas, carnavalesco da escola.

O barulho do ateliê, com suas cerca de 30 máquinas de costuras, seis delas manejadas por costureiros bolivianos, mistura-se ao som da afinação dos batuques e das serras elétricas que cortam barras de ferro para mil e uma utilidades no desfile.

"O trabalho começa mais ou menos em setembro, mas em dezembro é que botamos velocidade. Assim mesmo, é um sufoco até o final", conta Wilma Terezinha Santos, há 32 anos à frente da fabricação das fantasias da escola.

SORTE

Mecânicos, ferreiros, carpinteiros, escultores, pintores, forradores, laminadores, aderecistas e iluminadores se revezam e se misturam em torno de carros alegóricos com até 30 metros de comprimento, que só serão finalizadas minutos antes de entrarem na passarela.

Normalmente, os mais complexos, com maior número de detalhes, são fabricados primeiro, mas, no barracão, carros prontos e em produção estão no mesmo local.

"Contamos um pouco com a sorte porque a estrutura que sustenta os carros não é feita para aquele fim, de aguentar até 15 toneladas. Mas reforçamos bem as emendas e tudo dá certo", diz o carnavalesco.