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Rosely Sayão

Shoppings e famílias

Crianças se encantam com vitrines, querem comprar coisas e, quando os pais dizem não, fazem birras

Conheço muitas mães que, num feriado como o de hoje ou num domingo qualquer, adoram levar os filhos ao shopping. Eu não sei se são elas que gostam do passeio ou se elas acham que os filhos gostam mesmo desse tipo programa. De qualquer maneira, encontrar mães ou casais no shopping acompanhados de crianças de qualquer idade é rotina nos dias atuais.

E o que pode acontecer com crianças no shopping? Tudo! Elas se encantam com as vitrines que as chamam, querem comprar muitas coisas e, quando os pais não compram, fazem birras, por exemplo.

Ah! As birras das crianças no shopping chamam a atenção de todos. Aliás, é por isso mesmo que elas fazem. Alguns pais ficam constrangidos, outros reagem como podem e conseguem naquela hora, outros conseguem domar a birra do filho com doçura e firmeza e outros, ainda, perdem a paciência rapidamente.

Os que testemunham as birras também reagem de diferentes maneiras. Há os olhares reprovadores, há quem tente ajudar --esses são raros-- e há também quem teça comentários críticos a uma altura que permita que os pais da criança consigam ouvir, é claro.

Perder-se dos pais também é algo comum de acontecer no shopping, principalmente se a criança tem menos de seis anos. É que ela fica tão seduzida por tantas coisas para ver, com tantos estímulos luminosos e visuais, que se encaminha a eles na certeza de que seus pais a seguirão. De repente, ela se dá conta de que está sozinha, e lá vem o berreiro de puro medo.

Nesses casos, não sei quem se perde de quem. Nessa idade, por que os pais deixam o filho solto nos corredores do shopping? Por que o perdem de vista? Até parece que não conhecemos mais as crianças, não é verdade?

Não nos lembramos de que elas não têm responsabilidade --e nem podem ter ainda--, de que não sabem se cuidar sozinhas e tampouco de que não conseguem resistir às inúmeras tentações que o shopping lhes apresenta.

Também nos esquecemos de que não adianta assustar a criança para que ela aprenda a estar sempre perto dos pais nesses locais amplos e movimentados. Eu já vi pais deixarem o filho pequeno achar que estava perdido no shopping só para tentar dar a ele uma lição. Qual mesmo?

Apesar de tantos percalços, dá para entender os motivos que levam os pais a gostarem desse passeio com o filho. Primeiramente, porque as cidades oferecem poucos lugares públicos para que crianças e suas famílias possam desfrutar. Eles existem, claro, e procurando bem dá para encontrá-los. Até pela internet, com direito à informação de programas pagos ou gratuitos.

Mas há outro motivo muito importante também que motiva os pais a fazerem esse programa com os filhos: o fato de vivermos em sociedades que priorizam o consumo acima de quase tudo.

A boa notícia é de que dá para resistir a isso. Cresce o número de mães e de pais que não consideram o shopping um lugar adequado para crianças. E eles não deixam de ter boas razões para isso. Afinal, há programas bem melhores para as crianças. Brincar sem nenhum apelo ao consumo, por exemplo, com tranquilidade, e em locais bem mais apropriados. Pode ser em casa.

Por que temos de, necessariamente, fazer programas com as crianças? Só porque consumimos a ideia de que elas precisam --precisam!-- disso. E, caro leitor, vou contar um segredo a você: elas não precisam.


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