Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Cursos de medicina comunitária da Elam têm formação deficiente

Estudos de especialistas apontam ainda má qualidade do corpo docente e irregularidades legais

Escola Latino-Americana de Medicina Dr. Salvador Allende faz parte de um pacto firmado em 2005 por Chávez e Fidel

DE SÃO PAULO

A Elam (Escola Latino-Americana de Medicina) Dr. Salvador Allende faz parte do Pacto de Sandino, firmado em agosto de 2005 entre o venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro.

A meta é formar 200 mil médicos num prazo de dez anos para atuar em regiões pobres, principalmente na América Latina.

O projeto começou a ser implantado meses depois, com seis universidades venezuelanas registrando o curso de medicina integral comunitária, nova carreira que só seria regulamentada naquele país em 2007.

Até agora, já se formaram 16.783 médicos comunitários, a maioria deles venezuelanos. Tanto estudantes estrangeiros quanto locais recebem bolsa do governo.

Apesar de formalmente ligados a universidades da Venezuela, os cursos são administrados em outros espaços por médicos cubanos que estão no país dentro do programa Barrio Adentro, semelhante ao Mais Médicos.

Nos últimos anos, os cursos de medicina comunitária vêm sendo criticados pela má qualidade do corpo docente, pela formação deficiente e por irregularidades legais.

Um estudo de caso assinado por quatro especialistas de Cuba e publicado em 2011, por exemplo, apontou que os 12 professores cubanos de um curso de medicina integral comunitária na cidade de Marcano "não tinham experiência docente", além de apresentarem "pouca competência comunicativa" e "algumas insuficiências de conhecimento".

Apesar dos problemas listados, a conclusão foi de que o curso era adequado "porque os objetivos propostos foram alcançados".

Já estudo venezuelano, assinado por 11 médicos e publicado pela Academia Nacional de Medicina, inclui levantamento com 50 estudantes que estagiaram em três hospitais da Escola de Medicina José Maria Vargas, em 2011.

Nenhum tinha condições para fazer a triagem de pacientes devido a "debilidades mostradas na elaboração da história clínica, execução de um exame físico e registro adequado dos dados".

Apesar disso, todos foram aprovados, incluindo alunos que não tinham sequer comparecido ao estágio.

Outro problema está nos diplomas: "As universidades (...) entregaram títulos de médico a estudantes com base na informação que a missão médica cubana na Venezuela lhes enviou e em cuja formação em pouco ou nada contribuíram".

Os 41 brasileiros aprovados no Mais Médicos cursaram a Elam, mas têm diplomas da Universidade Nacional Experimental Rómulo Gallegos.

Procurado pela Folha, o coordenação de comunicação da Elam, Orlando Romero, disse que, "devido à batalha comunicacional" na Venezuela, as perguntas, enviadas por escrito, só seriam respondidas após "exaustiva investigação sobre o seu jornal, sua política editorial e inclusive sobre você".

"Esses meninos são vítimas da loucura e do capricho de Chávez e Fidel, que decidiram formar 200 mil médicos para a solidariedade na América Latina e no mundo", disse o ex-ministro da Saúde da Venezuela Carlos Walter, um dos autores do estudo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página