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Roubos têm nona alta seguida em SP; homicídios registram queda

Disparada de crime pode levar governo a rever meta para pagamento de bônus a policiais

Secretário atribui parte da alta à permissão do registro de roubos pela internet; analistas veem falha de policiamento

ROGÉRIO PAGNAN REYNALDO TUROLLO JR. DE SÃO PAULO

Os registros de roubos dispararam em fevereiro no Estado de São Paulo, apontam estatísticas de crimes divulgadas ontem pelo governo.

Foi o nono aumento mensal consecutivo e o maior registro deste crime feito pela polícia no mês de fevereiro desde o ano de 2001, início da série histórica da Secretaria da Segurança Pública.

Os casos tiveram aumento de 47,5% na capital e 37,2% no Estado em relação ao mesmo mês do ano passado.

Na cidade de São Paulo, os registros subiram de 8.928 para 13.166. No Estado, passaram de 18.426 para 25.274.

Roubos de veículos, que estão fora dos dados de roubos em geral, também tiveram alta, de 29% na capital e de 28,5% em todo o Estado.

O salto pode fazer o governo rever as metas para pagamento de bônus a policiais, instituídas em janeiro.

Para receber a bonificação de até R$ 2.000, a polícia teria que estancar o aumento dos roubos no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2013. Considerando o mau desempenho dos dois primeiros meses do ano, seria necessário fazer os roubos caírem 75% em março --meta considerada irreal.

Por outro lado, o Estado teve queda no número de casos de homicídio de 11,3% em relação a fevereiro do ano passado. Com isso, conseguiu reduzir a taxa de assassinatos por 100 mil habitantes para 10,3, um dos menores índices da história recente.

O secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, atribuiu parte dos aumentos à delegacia eletrônica, que passou a permitir o registro de roubo pela internet, aumentando a notificação do crime.

Segundo Grella, estudo feito na secretaria diz que, se não fosse a delegacia eletrônica, o crescimento não seria de 37,2% no Estado, mas de 27%. A secretaria não apresentou o mesmo cálculo considerando apenas a capital.

"O impacto da delegacia eletrônica foi algo que não foi previsto [quando instituídas as metas]. Isso não pode prejudicar o esforço do policial."

Ainda para justificar o crescimento dos roubos, o governo paulista disse que fatores econômicos e sociais interferem no resultado e culpou a proliferação de drogas no país como um dos motivos.

"Vivemos um problema que não é local. Não é da cidade de São Paulo e do Estado de São Paulo. É nacional."

Grella negou que estivesse isentando o Estado de responsabilidade. Afirmou que São Paulo não tem o poder de alterar a legislação e aumentar a eficácia da Justiça. "Estamos fazendo a lição de casa."

POLÍCIA OSTENSIVA

Para o professor da UFMG e especialista em segurança Luís Flávio Sapori, o crescimento dos roubos ocorre em outros Estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas "um crescimento de 47% é um fenômeno singular".

"O crime de roubo depende da capacidade ostensiva da polícia. Uma explicação bem provável do que está acontecendo em São Paulo é que a polícia está perdendo operacionalidade", afirma.

Segundo Sapori, que foi secretário de Segurança de Minas e implantou o sistema de bônus no Estado, é preciso analisar a motivação policial e os recursos humanos e logísticos da corporação.

O professor da Unesp de Araraquara José dos Reis Santos Filho também diz não ver "indícios de mudanças culturais, econômicas ou sociais" que expliquem o aumento dos roubos.

"Se você tem policiamento preventivo, cuja função é evitar [roubos] através de patrulhamentos em locais complicados, a primeira pergunta é: ele está funcionando?"


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