Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

'Me senti um animal', diz brasileira ameaçada de expulsão da França

Estudante recebeu ultimato ao tentar regularizar sua situação no país

GRACILIANO ROCHA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Thaís Moreira, 20, diz que não consegue esquecer, "nem por um minuto", que não pertence à França, país onde vive há cinco anos como imigrante em situação irregular.

Paranaense de Ubiratã, a estudante de fotografia recebeu um ultimato para deixar a França quando tentou regularizar sua situação.

O caso ganhou repercussão depois que colegas e professores de Thaís fizeram manifestações em Saint-Denis (ao norte de Paris). As autoridades francesas voltaram atrás.

-

Folha -Por que você veio para a França?
Thaís Moreira -Minha mãe era secretária em Ubiratã. Depois que ela teve minha irmã [em 2007], ficou sem trabalho. Ela veio porque conhecia pessoas aqui. Eu e meu irmão chegamos em 2009.

Como foi sua adaptação?
Quando cheguei não sabia nem falar "bom dia" em francês, mas fiz o máximo para me integrar. No meu primeiro ano aqui, estudei numa classe para estrangeiros antes de ir para a escola. Fui a melhor aluna e fui para a escola.

Seu futuro está na França?
Quero ser fotógrafa de moda e Paris é a capital da moda. Tenho muito mais chance aqui do que no Brasil.

Como é viver em um país sem documentos?
Sempre dei um jeito de esconder o sotaque. Não era tímida. Aqui fiquei bem reservada para não notarem que sou uma "sans papier" ["sem papeis", em francês].
Não posso ter bolsa de estudos, abrir conta ou viajar. A gente não consegue esquecer, nem por um minuto, que não faz parte daqui.

Como foi que você soube da ordem de expulsão?
Quem mora há mais de cinco anos e tem três anos de estudo aqui tem direito a se regularizar. É o meu caso e fiz o pedido. Alguns dias depois, foi recusado, mas junto veio uma ordem para que eu deixasse o país em 30 dias.

Como você se sentiu?
Perdi meu chão. Lógico que eu pensava na possibilidade de ser recusado, mas nunca ser expulsa.

E o que você fez então?
Liguei pro diretor da escola e ele me disse: "nós vamos te ajudar". Minha professora organizou os professores da escola e os alunos apoiaram. Fizeram uma manifestação e um abaixo-assinado.

Você sofreu hostilidade?
Teve, sim, de gente que apoia a Frente Nacional [partido de extrema-direita, anti-imigração]. Não tive contato direto com elas, mas num artigo no "Le Monde" teve muito comentário negativo.

Como foi, para você, ver o seu caso virar um debate público?
Quando começou a sair nos jornais, eu me senti como um animal em extinção e que precisavam proteger esse animal. Foi muito ruim.

O que pretende fazer agora?
Semana que vem vou entregar de novo um pedido de de visto. Uma hora consigo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página