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Atraídos por siderúrgica, coreanos invadem praia badalada do Nordeste
Cerca de 500 imigrantes da Coreia do Sul estão mudando os hábitos e a rotina da vila de Cumbuco, a 30 km de Fortaleza
Na paradisíaca praia do Cumbuco, a 30 km de Fortaleza (CE), placas no alfabeto hangul expõem sinais de uma imigração silenciosa --bem à moda oriental.
São restaurantes, pousadas, mercadinhos e até igrejas tocadas por coreanos, que disputam espaço no apertado centro comercial do vilarejo de 1.500 habitantes.
Os coreanos --cerca de 500-- chegaram atraídos pela construção de uma siderúrgica no porto do Pecém, a quase 40 km dali. A obra, com conclusão prevista para 2015, é uma associação entre a Vale e duas firmas coreanas.
Desde o início dos trabalhos, há dois anos, os sul-coreanos são os estrangeiros que mais pedem visto de trabalho no Ceará, segundo o Ministério do Trabalho.
Em 2013, foram 667 pedidos --quatro vezes o número de pedidos de portugueses, tradicionais por lá. Os imigrantes também se instalam em outras cidades do entorno, como Icaraí e Fortaleza.
"É uma vila menor, de estilo de vida mais simples, além de próxima à obra. Por isso a maioria optou por aqui", diz, em inglês, Jaeil Kian, 51, um ano de Ceará.
Com experiência no trabalho em países como Indonésia e Arábia Saudita, os coreanos reclamam de uma característica dos brasileiros.
"Os brasileiros já fizeram seis paralisações [na obra] pedindo melhores condições de trabalho. Na Coreia, se alguém não está satisfeito, pede as contas e vai embora", afirma Hyuk Chung, 43.
PROSPERIDADE
A demanda por trabalho pesado na obra dita o perfil dos coreanos do Cumbuco: homens de 30 a 45 anos.
As poucas mulheres que atravessaram o planeta com os maridos cuidam de pequenos negócios. Diana Kim, 56, administra uma pousada e vende produtos da terra natal, como o café Maxim e os salgadinhos Tako Chips.
A imigrante nunca foi assaltada na vila, mas diz que relatos de casos são comuns.
Muitos dos coreanos de Cumbuco são reservados na vida pessoal e evitam temas polêmicos. "Não quero falar de segurança, pula essa", disse Jeong Hyo Um, 40, dono de um restaurante.
A delegacia responsável por Cumbuco diz não ter registro de aumento da criminalidade na vila. Em março, foram oito roubos e 26 furtos notificados e em nenhum deles havia vítimas coreanas.
Para Everardo Gaspar, 22, os novos moradores trouxeram prosperidade. Ele trabalha como garçom em um restaurante coreano e diz ter recebido gorjeta de até R$ 250 de um cliente satisfeito.