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Herói do Maranhão recebe alta e diz que vai voltar a estudar

Homem queimou 75% do corpo ao salvar família de ônibus incendiado

ANDRÉ UZÊDA DE FORTALEZA

"Quero voltar a estudar". Assim Márcio Rony da Cruz Nunes, 37, responde o que irá fazer da vida, já que não pode mais exercer sua profissão.

Embora não se ache um herói, Nunes salvou a vida de três pessoas de uma mesma família --duas crianças e a mãe-- de um ônibus em chamas em São Luís (MA) e teve 75% do corpo queimado.

Descarregador de mercadorias há mais de uma década, ele recebeu alta ontem do Hospital de Queimaduras de Goiânia e volta hoje para o Maranhão.

Por ordem médica, quando estiver completamente restabelecido, não poderá mais exercer atividades braçais.

Ele diz, porém, ver uma oportunidade nessa restrição. "Quero voltar a estudar e trabalhar com coisas ligados ao ensino. É uma forma de mudar de vida". Nunes estudou até a antiga sexta série do ensino fundamental.

Nunes ficou quase cem dias internado em Goiânia e passou por ao menos três cirurgias. Vai desembarcar com as irmãs em São Luís, onde reencontrará seus cinco filhos.

Sobre a fama de herói, ele diz que "qualquer um teria feito o mesmo". "Foi só um gesto de amor ao próximo."

O ônibus foi incendiado em janeiro por criminosos ligados a detentos da penitenciária de Pedrinhas, durante rebelião. Nunes saiu rapidamente do veículo, mas voltou ao ver que outras pessoas tinham dificuldade na fuga.

Ele retirou do ônibus três pessoas, entre elas Ana Clara Sousa, 6, que acabou morrendo por causa dos ferimentos.

O ato lhe custou queimaduras graves em 75% do corpo. Ele foi transferido para Goiânia para iniciar o tratamento, que envolveu enxerto de pele, uso de máscara, luvas e de aparelho ortopédico durante a recuperação.

"Foi um período muito difícil porque ainda doía muito. Tive que me apegar muito a Deus", afirma.

Sobre a possibilidade de reencontrar as pessoas que salvou, o maranhense mostra tranquilidade. "Se for para nos reencontramos um dia na vida, nós iremos sim. Mas não quero que elas se sintam nesta obrigação", diz.


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