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Urubus 'invadem' zoológico de SP e disputam espaço com animais

Concentração de aves na região já preocupa até a Infraero, que notificou o parque em março

Aves podem causar risco às aeronaves que passam pelo local; zoo afirma que a causa são os lixões desativados

ARTUR RODRIGUES DE SÃO PAULO

"O urso está morto?"

A frase é a que mais se ouve na frente da área reservada ao urso pardo, no Zoológico de São Paulo, localizado na região do Jabaquara, zona sul da cidade.

"Quando cheguei aqui, achei que era o lugar do urubu. Onde está o urso?", diz a missionária Érica Ribeiro, 33.

De fato, as aves estão por todos os lados. Em uma versão tupiniquim de "Os Pássaros", de Alfred Hitchcock, tingem o chão de preto, se empoleiram nas árvores e voam em círculos no céu.

O verdadeiro dono do pedaço, o urso pardo Dingo, passa a maior parte do tempo escondido na caverna.

"O que 'são' aquilo?", pergunta o pequeno Gustavo, 2, no colo da avó, Waldecira Mazzini, 61. "São urubus", responde ela. "Ulubu?", questiona o menino.

De repente, o urso sai do meio da escuridão. Por alguns momentos, afasta as aves e assume seu posto de centro das atenções.

De acordo com o zoológico, um dos motivos da migração de urubus seria a desativação de lixões em cidades próximas de São Paulo.

O parque não detalha, porém, exatamente quando isso ocorreu e a atual população de urubus.

A grande concentração de aves já preocupa até a Infraero (estatal que administrava aeroportos). No mês passado, o órgão notificou o parque por temer o risco à movimentação de aeronaves.

Chefe do departamento técnico do zoológico, o veterinário Fabrício Braga diz que a instituição toma cuidados para não aumentar ainda mais a presença dessas aves.

Entre as medidas está a de evitar deixar alimentos e material orgânico em áreas de fácil acesso aos urubuas.

Um dos motivos de os urubus parecerem tão à vontade no zoológico é que ali estão seguros. "É uma área geograficamente atrativa, uma ilha verde no meio da cidade", diz o veterinário. "Além disso, não tem ninguém jogando pedras ou atirando neles."

Os animais que não foram parar no zoológico por opção não parecem lá muito satisfeitos com os intrusos.

O urso Dingo até tenta usar as enormes patas como armas para afastá-los de sua casa, mas os urubus são rápidos. E segundos depois o cercam novamente.

Já os flamingos apenas observam enquanto os urubus comem sua comida.

Braga admite que o ideal é que não houvesse tamanha concentração de urubus, mas ressalta que até agora não foi observado nenhum dano à saúde dos outros animais.

"Os visitantes não estão acostumados. Há um folclore de que a presença de urubus significa que os animais estão moribundos, o que não é verdade", afirma

INJUSTIÇADOS

Especialista em pássaros, o biólogo Fabio Schunck diz que a grande quantidade de fezes de urubu pode gerar algum tipo de contaminação.

No entanto, afirma o biológo, essas aves não costumam transmitir doenças a animais de outras espécies.

Para ele, a ave é injustamente malvista. "As pessoas, quando veem uma pomba, que passa doenças, acham lindo. Quando veem o urubu, que é limpo, saudável e importante para a natureza, têm uma imagem negativa."


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