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Para 12% dos paulistanos, roupas reveladoras justificam ataque

Datafolha refez em São Paulo pergunta polêmica de estudo do Ipea

ELVIS PEREIRA LÍVIA SAMPAIO DE SÃO PAULO

Doze por cento dos moradores de São Paulo concordam total ou parcialmente com a triste ideia de que mulheres com roupas provocantes devem ser atacadas.

O dado está em pesquisa do Datafolha, encomendada pela Folha, com a população da capital paulista.

Apesar de bem inferior aos 26% apresentados pelo tão falado levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado no dia 27 de março, os resultados não podem ser comparados, pois um abrange a cidade de São Paulo e o outro, o país.

A polêmica foi grande porque, ao divulgar os resultados, o Ipea inverteu gráficos e apresentou dados errados.

Inicialmente, foi divulgado que 65,1% dos brasileiros concordavam total ou parcialmente com a frase: "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Passados oito dias, o instituto anunciou que o número correto era 26%.

No meio tempo, a jornalista Nana Queiroz organizou o protesto on-line #nãomereçoserestuprada.

A emissora britânica BBC divulgou a discussão, e até a presidente Dilma Rousseff (PT) saiu em defesa dela, pedindo respeito às mulheres.

Além do número errado, a metodologia adotada pelo Ipea foi questionada -o fato, por exemplo, de a proporção de mulheres ouvidas (66,5% da amostra) superar a da população do país (51%). O mesmo ocorreu em relação ao número de idosos.

O Ipea afirmou que "todas as pesquisas domiciliares probabilísticas tendem a obter amostras com percentuais de respondentes idosos e mulheres superiores aos da população". E que todas as metodologias de pesquisa estão sujeitas a melhoramentos.

MAIORIA

A pesquisa do Datafolha, feita no dia 7 de abril com 798 moradores maiores de 16 anos, revelou outros dados. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.

Mais da metade dos moradores, 53% deles, já sofreu algum tipo de assédio sexual -físico, a exemplo de "encoxadadas", ou verbal, como cantadas. O número é maior entre as mulheres: 63%.

De acordo com Mauro Paulino, diretor-geral do Data-folha, é importante relativizar o que as pessoas entendem por assédio. "Pode ser desde uma cantada de rua até agressão física."

Outro ponto destacado por Paulino é que a discussão da sociedade acerca da pesquisa do Ipea pode ter influenciado as respostas dadas ao Datafolha. "Houve uma grande repercussão tanto antes quanto após a divulgação do erro."

Ao serem questionados se os trens deveriam ter um vagão exclusivo para mulheres nos horários de pico, 73% dos paulistanos revelaram ser favoráveis à medida. A estratégia é adotada, por exemplo, no Rio e no Distrito Federal.


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