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Após prisão em resort, policiais ameaçam retomar greve na BA
Proposta estava em discussão em assembleia, em andamento até a conclusão desta edição
Gestão Jaques Wagner (PT) negou relação com a medida e disse que mantém acordo que foi feito com a categoria
Um dia após o fim da greve da Polícia Militar da Bahia, o principal líder do movimento foi preso pela Polícia Federal. O soldado Marco Prisco, vereador pelo PSDB, foi detido ontem na Costa do Sauipe (litoral norte da Bahia).
Segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, ele estava em um resort -a defesa nega e diz que ele foi preso no caminho.
A notícia da prisão acirrou os ânimos. "Foi uma traição. Assim fica difícil confiar nos Poderes da Bahia. Os policiais não ficaram satisfeitos", disse Fábio Brito, vice-presidente da Aspra, associação policial presidida por Prisco.
O advogado da associação, Diamerson Thiago, classificou a prisão como "arbitrária" e "ilegal".
Policiais militares chegaram a se reunir para discutir a retomada da paralisação, em protesto. Porém, Prisco orientou os membros da Aspra a não deflagrar greve.
A Procuradoria pediu a prisão de Prisco no curso de uma ação referente à greve anterior da categoria, em 2012. O pedido, contudo, foi feito na última segunda-feira, quando a paralisação -iniciada na terça- já era iminente.
Como a ordem de prisão partiu da Justiça Federal, o soldado foi levado de helicóptero ao aeroporto de Salvador, de onde seguiu para o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília.
O soldado foi preso um dia depois de os grevistas fecharem acordo com o governo Jaques Wagner (PT), que ontem negou relação com a prisão e disse que mantém os itens acertados com a categoria.
O governo aceitou elevar gratificações por funções e abrir nova discussão sobre o código de ética da corporação e plano de carreira.
Mesmo com reforço de tropas federais, que permanecem no Estado, a greve foi marcada pelo aumento da violência: houve saques e ao menos 52 homicídios na Grande Salvador em 46 horas -a média em Salvador é de cinco vítimas por dia, ante 3,4 na cidade de São Paulo.
Quando a prisão de Prisco foi divulgada, policiais convocaram, por redes sociais, uma assembleia em frente à Câmara Municipal. Cerca de cem pessoas se concentraram no local, mas nenhum líder apareceu para comandar a reunião. Não houve oradores.
Por volta das 22h, o tenente coronel Edmílson Tavares, presidente da associação de oficiais Força Invicta, telefonou para integrantes da entidade que estavam na praça e orientou o grupo a se dispersar para evitar confrontos com forças federais que foram à cidade reforçar o policiamento durante a greve.
Cerca de uma hora antes, os policiais na praça haviam hostilizado e vaiado integrantes da Força Nacional e até da própria PM que passaram pelo local. Por volta das 22h30, a praça estava vazia.
Um grupo de filiados à associação de Prisco deverá ir hoje a Brasília para definir ações contra a prisão.