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Protesto contra morte de dançarino da Globo tem bombas e tiros no Rio

Moradores da favela Pavão-Pavãozinho, na zona sul, fecharam ruas e túnel; um homem morreu

Bailarino do programa de Regina Casé foi achado em barranco; para moradores, PM o confundiu com bandido

MARCO ANTÔNIO MARTINS ADRIANO BARCELOS DO RIO

Um homem morreu com um tiro na cabeça ontem à noite durante protesto em Copacabana (zona sul do Rio) de moradores da favela Pavão-Pavãozinho, que fica na divisa com Ipanema.

Os moradores protestavam contra a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, 25, do grupo funk Bonde da Madrugada, que costuma se apresentar no programa "Esquenta", de Regina Casé, na TV Globo. Eles fecharam ruas, interditaram um túnel e queimaram ao menos um carro.

Tiros e bombas foram disparados do alto da favela. Dez policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) ficaram encurralados no alto do morro. O Bope (Batalhão de Operações Especiais) subiu a favela e resgatou os PMs. Parte do local ficou sem luz.

Até a conclusão desta edição, o homem morto durante o protesto, de cerca de 30 anos, não tinha sido identificado. Não havia informações sobre a origem do tiro.

DANÇARINO

O corpo de DG, como o dançarino era conhecido, foi encontrado ontem no início da tarde caído em um barranco de cerca de dez metros de altura, perto do pátio de uma escola da favela.

Segundo a polícia, o corpo tinha escoriações, possível indicação de que DG morreu ao cair. Policiais ouvidos pela Folha disseram que o rapaz tinha costelas quebradas.

A mãe do dançarino, Maria de Fátima da Silva, acusa policiais de terem espancado o filho até a morte.

"O muro (da escola) está todo raspado, cheio de sangue. Ele não levou tiro, mas apanhou até morrer. O corpo estava em posição de defesa", disse. Na véspera, tinha ocorrido um tiroteio entre policiais e traficantes.

Na versão de moradores, DG foi confundido com um traficante e caiu no barranco ao tentar escapar dos PMs.

De acordo com a mãe de DG, ele tinha ido à favela ver a filha, de quatro anos.

Maria de Fátima contou que morava com o filho em um apartamento na rua Barata Ribeiro, em Copacabana, mas que ele tinha amigos no Pavão-Pavãozinho desde criança. Era lá que o grupo ensaiava as coreografias que apresentava no "Esquenta".

O último contato com DG foi por volta de 20h da segunda-feira, por uma rede social. Apesar de ter dado falta do filho pela manhã, ela disse que não se preocupou porque ele costumava dormir fora, principalmente quando os ensaios se prolongavam.

Revoltados com a morte de DG, moradores desceram a ladeira Saint Roman, que dá acesso à favela, atirando pedras, garrafas e pedaços de pau em carros e prédios.

O trânsito nas ruas ao redor foi interrompido e o comércio fechou as portas. Estações do metrô localizadas na região também tiveram seus acessos fechados.

A polícia acredita que a manifestação tenha sido orquestrada por traficantes do Comando Vermelho. No último mês, uma série de ações semelhantes aconteceu em favelas cariocas.

As comunidades do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo têm UPP desde 2009. Desde setembro do ano passado, criminosos passaram a impedir o patrulhamento em diferentes pontos da favela.


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