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Dançarino morreu com tiro nas costas em favela de Copacabana

Após citar queda de barranco, polícia do Rio diz que bala atingiu vítima em operação policial

Morte teve repercussão internacional a 50 dias da Copa; 'meu filho não vai virar um Amarildo', desabafou a mãe

DO RIO

O dançarino Douglas Pereira, 26, o DG, morreu com um tiro nas costas durante troca de tiros entre policiais e traficantes na favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio.

A informação foi dada ontem pela polícia, que no dia anterior indicava como provável causa da morte a queda dele em um barranco.

A morte de DG na noite de segunda resultou em protestos com repercussão internacional. Moradores fecharam ruas de Copacabana, incendiaram pilhas de lixo e apedrejaram prédios perto de locais turísticos, a 50 dias da abertura da Copa.

O dançarino era do grupo funk Bonde da Madrugada, que costumava se apresentar no programa "Esquenta", de Regina Casé, na TV Globo.

Segundo a polícia, o tiro atravessou o pulmão do dançarino, causando hemorragia interna, e saiu pelo ombro. Mas ainda não se sabia de onde ele teria partido --o projétil não foi encontrado.

"A perfuração por arma de fogo foi fatal", disse o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

DG foi morto quando dez policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Pavão-Pavãozinho que investigavam uma denúncia anônima encontraram traficantes. Ele estaria na favela para ensaiar com o grupo e visitar a filha de quatro anos.

No protesto realizado no dia seguinte em Copacabana, um outro rapaz, Edilson da Silva Santos, 27, foi morto com um tiro no rosto --a autoria ainda é desconhecida.

Mãe do dançarino, a auxiliar de enfermagem Maria de Fátima da Silva, 56, afirmou ontem ter certeza de que seu filho foi torturado e morto pelos PMs. "Ele tinha um corte na cabeça e no nariz. Estava muito machucado, tinha marcas de botas nas costas."

Maria de Fátima afirmou ter sido informada de que moradores fizeram imagens de PMs usando luvas cirúrgicas e desfazendo a área do crime.

"Meu filho não vai virar um Amarildo", desabafou, referindo-se ao ajudante de pedreiro que desapareceu em 2013 depois de ter sido levado para a UPP da Rocinha durante operação policial.

A PM investiga se os policiais da UPP têm participação na morte de DG, mas nega que tenham mexido no corpo do jovem. Segundo Beltrame, ainda não há indícios claros de envolvimento, por isso eles não foram afastados.

"Não quero antecipar proteção aos policiais, mas não quero condená-los preliminarmente. Preciso de um indício mínimo", afirmou.

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) disse que "aguarda o resultado das investigações para tomar as medidas cabíveis".


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