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Antes subnotificados, registros de furtos crescem

DE SÃO PAULO

A repressão às atividades armadas após a ocupação das favelas do Rio de Janeiro teve como efeito colateral o aumento dos registros de furtos, crimes de violência sexual e agressões físicas.

Esse crescimento --indicado por uma pesquisa recente dos economistas Claudio Ferraz e Bruno Ottoni, pela PUC-Rio-- pode ser explicado pelo aumento de notificações de crimes que já ocorriam.

"É muito provável que antes houvesse uma subnotificação desses crimes. Com a presença da polícia e a saída dos líderes do tráfico, as pessoas se sentem mais seguras para denunciar", diz Ferraz.

Dados do Disque Denúncia mostram que as ocupações têm sido seguidas, de fato, por um crescimento de agressões físicas e violência doméstica, mas em magnitude muito menor do que a refletida nos registros policiais.

Esse aumento real, de acordo com a pesquisa, pode ser explicado pelo fato de que crimes como furtos e estupros são severamente punidos "pelo sistema de justiça paralelo" instituído pelos líderes do tráfico de drogas.

As punições, nesses casos, podem incluir tiros nos pés e nas mãos, expulsão da comunidade e até execução.

ABUSO POLICIAL

Apesar de os dados do Disque Denúncia indicarem uma maior confiança na polícia, também revelam o aumento de alguns tipos de denúncias contra os agentes.

As ocupações explicam, por exemplo, um aumento de 32% nas ligações para informar desrespeito aos direitos dos moradores por parte dos PMs.

O estudo não encontra, porém, impacto das UPPs nas denúncias a respeito de corrupção policial, como cobrança de propinas.

Os resultados da pesquisa foram apresentados na última quinta-feira durante o Encontro Anual da América Latina Crime and Policy Network (AL Capone), ocorrido na FGV em São Paulo.

Para Rodrigo Soares, um dos organizadores da conferência, os economistas podem contribuir muito para a avaliação tanto de fatores que influenciam as tendências de criminalidade quanto da efetividade de políticas públicas usadas no combate ao crime.

Essa linha de pesquisa ainda é incipiente no Brasil, mas está crescendo.

"É fundamental olhar para o crime como um fenômeno socioeconômico", diz Soares, que também é economista..


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