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Protesto de sem-teto acaba em confronto

Diante da Câmara, manifestantes montaram barricadas e destruíram vidros após adiamento de votação do Plano Diretor

PMs usaram bombas e houve correria; grupos prometiam continuar acampados na frente da Casa de madrugada

GIBA BERGAMIM JR. REYNALDO TUROLLO JR. DE SÃO PAULO

Bombas de gás, barricadas de fogo e paralelepípedos atirados em direção a janelas, destruindo vidros das salas de partidos políticos.

O cenário é a Câmara Municipal de São Paulo, alvo de um protesto que acabou em confronto entre policiais militares e sem-teto, durante a discussão para a votação do Plano Diretor da cidade, no fim da tarde de ontem.

A confusão aconteceu depois do anúncio de que a aprovação do plano, esperada pelos movimentos, seria adiada para hoje de manhã.

O plano define as diretrizes urbanísticas do crescimento da cidade. O texto prevê a ampliação das áreas destinadas à construção de moradias para pessoas de baixa renda.

Participaram do ato membros do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), da FLP (Frente de Luta por Moradia), da União dos Movimentos por Moradia, entre outros. Com exceção do MTST, que afirma não ter vínculos partidários, a maioria tem líderes ligados ao PT.

Eles prometiam ficar acampados diante da Câmara durante toda a madrugada.

Desde março, esses grupos pressionam os vereadores.

"Esse plano vai ser aprovado por bem ou na marra", gritou um dos sem-teto do alto do carro de som, à noite.

"A culpa [do confronto com a PM] é dos vereadores que adiaram [a votação] para evitar que o povo acompanhasse", disse outra militante.

JATOS E PEDRAS

O clima tenso começou já com a chegada dos sem-teto à Câmara, às 13h. Os portões foram fechados e apenas alguns líderes foram autorizados a entrar. Os demais tiveram de acompanhar a sessão por um telão e alto-falantes instalados do lado de fora.

Quando o presidente da Casa comunicou o adiamento da votação, um grupo começou a queimar pneus na calçada do Legislativo, no viaduto Jacareí, no centro.

Segundo a Polícia Militar, participavam do ato no momento 500 pessoas. Já segundo o movimento eram 3.000.

PMs e guardas civis acionaram jatos de água para apagar o fogo, e os sem-teto começaram a arremessar pedras.

PMs que são lotados no Legislativo começaram, então, a lançar bombas de gás contra os manifestantes, que passaram a destruir banheiros químicos em frente à Câmara.

A sala da liderança do PSDB foi atingida por pedras, que vararam os vidros e quase atingiram uma funcionária. Servidores que estavam no térreo correram para andares superiores para fugir do cheiro do gás lacrimogêneo.

Enquanto isso, os cerca de 50 manifestantes que estavam no plenário conseguiram arrancar uma pedra de mármore que reveste o espaço destinado ao público. Um policial os rendeu e exigiu que eles devolvessem a pedra. Para os vereadores, a intenção do grupo era de atacá-los.

Um policial militar que trabalha na Câmara foi atingido no rosto por uma pedra. Foi o único ferido, segundo a PM.

PRAÇA DA SÉ

Do lado de fora, a confusão seguiu pelas ruas do entorno. Policiais da Força Tática, com escudos, foram acionados para dispersar a multidão.

Um cordão de 20 policiais, com dez carros da PM na retaguarda, lançou bombas na direção dos sem-teto, que seguiram para a praça da Sé.

No caminho até lá, montaram barricadas com lixeiras e entulho e derrubaram uma placa. Um homem foi detido e teve a mochila revistada no viaduto Dona Paulina.

A situação se tranquilizou por volta das 19h30, mas, em seguida, cerca de 500 sem-teto voltaram à Câmara com o carro de som. Às 21h30, parte deles decidiu acampar num barraco montado na rua.


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