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Facilidades para estacionar vão na contramão de Plano Diretor

Texto em discussão prevê restrições a vagas em prédios e maior controle das garagens

Projeto prevê apenas garagens públicas em terminais de transporte coletivo; cidade sofre com escassez de vagas

DE SÃO PAULO

O projeto para levar adiante a construção de estacionamentos no centro vai na contramão do novo Plano Diretor --conjunto de diretrizes que planeja o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos.

O texto, aprovado em primeira votação na Câmara Municipal anteontem, deixa clara a política de restringir as vagas em garagens de edifícios para incentivar um maior uso dos transporte coletivos.

Um dos artigos prevê "estímulo ao uso comercial dos térreos dos edifícios, coibindo sua ocupação por estacionamentos". Há, por exemplo, incentivo financeiro para o empreendedor que construir um prédio com lojas embaixo.

Outro artigo do texto, que irá ainda à segunda votação, diz que deverá ser criado um programa que limite garagens nas áreas centrais.

Em linhas gerais, o Plano Diretor estabelece maior controle dos estacionamentos e de vagas para carros nas ruas.

Um dos poucos dispositivos que pode incentivar esses quesitos é o que prevê a instalação de estacionamentos públicos desde que estejam integrados com o sistema de transporte coletivo.

Esses estacionamentos devem estar fisicamente conectados a terminais de ônibus ou estações de trem e metrô, e estar localizados, preferencialmente, em bairros da periferia ou nas rodovias.

DEFICIT

Enquanto uma ala de especialistas vê na medida restritiva a única maneira de inibir o uso do carro na cidade, outros setores apontam como inevitáveis as garagens.

"As garagens subterrâneas são adotadas nas maiores cidades europeias, fazem parte da mobilidade. Você deixa o carro lá e passa para o metrô, o que reduz os congestionamentos", diz Marcelo Gait, presidente do Sindepark (sindicato de estacionamentos).

A cidade vive hoje um deficit nas vagas. Pesquisa da Ernst & Young aponta que seriam necessárias 125 mil para atender a demanda de bairros do centro expandido.

A falta de vagas e a alta dos alugueis cobrados dos operadores de estacionamentos inflacionam os preços.

Nas regiões das avenidas Faria Lima (zona oeste) e Luís Carlos Berrini (sul), por exemplo, a primeira hora de estacionamento bate nos R$ 20 e há lista de espera para vagas mensais, que custam R$ 600.

Ao mesmo tempo, a cidade sofre com a proliferação de estacionamentos irregulares no centro. Locais onde funcionavam lojas deram espaço a vagas de garagens, por exemplo --sem fiscalização.

Para especialistas em mobilidade, parqueamentos subterrâneos podem baratear o custo de estacionar, mas não deveriam ser prioridade.

Orlando Strambi, professor de engenharia de transportes da USP, diz que essas garagens podem "representar pequeno alívio nos congestionamentos no curto prazo", o que reforçaria o incentivo ao uso do automóvel.

O consultor Sergio Ejzenberg, mestre pela USP, afirma que é a falta de transporte público adequado que estimula o uso do carro e provoca congestionamentos.

"O valioso e limitado espaço público apenas deve ser utilizado para vagas depois que todas as linhas e estações de metrô, com terminais de ônibus acoplados, já tenham sido projetados."

Segundo ele, só assim os espaços públicos remanescentes poderiam ser usados em licitações para que a iniciativa privada construa garagens subterrâneas. (ANDRÉ MONTEIRO E GIBA BERGAMIM JR.)


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