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Justiça nega soltura de pai de Bernardo
Juiz diz que depoimento em que madrasta nega participação de marido no crime foi tentativa de protegê-lo
Defesa de suspeita diz que garoto morreu após superdose de medicamentos; perícia apontou sedativo
A Justiça negou ontem o pedido de revogação da prisão temporária de Leandro Boldrini, suspeito de envolvimento na morte do filho Bernardo, 11, no Rio Grande do Sul.
Na decisão, o juiz Marcos Luís Agostini, da 1ª Vara Judicial de Três Passos, alega que a revogação da prisão temporária neste momento "seria medida temerária e prejudicial" às investigações.
O pedido de liberdade ocorreu após a enfermeira Graciele Ugolini, madrasta do garoto, dizer em depoimento na quarta-feira que o marido não participou do crime.
Segundo relato dela à Polícia Civil, a morte ocorreu de forma "acidental". Ela disse ter dado medicamentos para acalmar o garoto, que estava "agitado". Em seguida, notou que ele não reagia.
A polícia não disse qual remédio Ugolini afirma ter dado ao menino, mas o resultado de uma perícia apontou a presença do sedativo Midazolam no corpo dele. Ainda não se sabe, porém, qual a quantidade encontrada e se foi esta a causa da morte.
Para o juiz, o depoimento da madrasta não é suficiente para que a prisão seja revogada. "Não é de estranhar que ela negue a participação de Leandro no fato, em nítida tentativa, ao que parece, de proteger seu convivente e pai de sua filha", escreveu.
O advogado Jader Marques, responsável pela defesa do pai de Bernardo, nega que ele tenha participação no crime. Segundo Marques, Boldrini está "abatido" e precisou de atendimento médico nos últimos dias. Ele também teria sofrido ameaças de morte no presídio, afirma.
O CRIME
O corpo de Bernardo foi achado numa cova rasa em um matagal em Frederico Westphalen (a 447 de Porto Alegre e a 80 km de Três Passos, cidade onde o garoto morava), no dia 14 de abril.
Além do pai do garoto, foram presos no mesmo dia a madrasta, Graciele Ugolini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga do casal.
Segundo a polícia, a amiga indicou onde estava o corpo do menino, que estava desaparecido desde 4 de abril, quando tinha saído de Três Passos até Frederico Westphalen com a madrasta.
De acordo com Demetryus Grapiglia, advogado da assistente social, Wirganovicz nega participação no crime, mas admite ter ajudado a ocultar o corpo de Bernardo.
Uma das suspeitas em investigação é que o garoto tenha morrido pela aplicação de uma injeção letal. Já a defesa de Wirganovicz também afirma que a morte não foi planejada e ocorreu por uma superdosagem de remédios dados pela madrasta, que queria fazer o garoto dormir.