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'Datenas' do Facebook têm 20 milhões de seguidores

Segundo pesquisa, há 5.000 páginas no país explorando casos violentos

Exemplo é a 'Guarujá Alerta', que ganhou notoriedade após o linchamento de dona de casa no litoral paulista

ARTUR RODRIGUES EMILIO SANT'ANNA DE SÃO PAULO

Sangue. Quanto mais, melhor. A lógica é a mesma dos programas policialescos da TV. A diferença é que a luta pela audiência se dá em outra plataforma: o Facebook.

Páginas noticiosas dedicadas a casos violentos se multiplicam na rede e atraem cada vez mais seguidores, como na "Guarujá Alerta", que ganhou notoriedade após publicar boato sobre uma falsa sequestradora, que gerou o linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33.

E há público para isso: 20 milhões de pessoas seguem 5.000 páginas nacionais com essa temática, segundo pesquisa do Labic (Laboratório de Estudos Imagem e Cibercultura) da Universidade Federal do Espírito Santo.

Exemplo disso é a "Plantão Policial", página de Caldas Novas (GO) com 471 mil seguidores --quase a mesma cifra que a da presidente Dilma Rousseff (PT), com 480 mil.

Seu criador, o PM Alison Maia, 40, assessor de imprensa da polícia na cidade, tornou-se uma celebridade local devido à pagina. Assim como os programas televisivos, seus vídeos têm boa qualidade e até vinheta. A diferença é a violência, bem maior.

"Mostro em forma de alerta. A pessoa, quando compra o cigarro, vê pedaços de corpos nas embalagens. E aquilo reduziu o fumo", afirma.

Sua linha editorial gerou quatro suspensões no Facebook. "A última vez foi naquele caso de Parnamirim (RN), onde um homem arrancou o pênis [após descobrir que era traído pela mulher]. Mas a foto que divulguei foi com ele colocando a mão na frente", diz.

Alerta com a repercussão do caso envolvendo a página "Guarujá Alerta", o policial diz checar as informações. "Retrato falado eu só divulgo se vier de fonte oficial."

O PM, no entanto, admite ter divulgado recentemente o vídeo de um homem que estava expondo o pênis para crianças, e que acabou preso.

Autor da pesquisa do Labic, Fabio Malini diz que as páginas são muito mais influentes do que parecem.

"É uma saída do armário generalizada, de milhões de pessoas que seguem essas páginas e nutrem uma relação com esse discurso de que bandido bom é bandido morto."

Em Santa Helena de Goiás, cidade com 36.469 habitantes, o jornalista Léo Penteado mantém o seu "Plantão Policial" e se dedica há quatro anos integralmente ao site --replicado no Facebook.

A página tem notícias com mais do que o dobro de acessos que o número de habitantes da cidade. "O ser humano é assim, quanto pior, melhor", diz. Quatro pessoas trabalham com ele e a renda vem somente da venda de anúncios para a versão original do site. "Dá para viver bem", afirma.

Páginas desse tipo já foram alvo de investigações da polícia. Uma delas é o "Polícia do Estado de São Paulo", que divulgou um vídeo mostrando criminosos baleados, um deles agonizando.

No ano passado, após pressão de empresas preocupadas com sua peças publicitárias serem associadas a conteúdo violento ou sexual, o Facebook anunciou a proibição de anúncios em páginas com esse tipo de material.


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