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Usuários de crack pediram 'cercadinho' no centro, diz Haddad
Dependentes de drogas negam ter solicitado mais segurança ou instalação de grades
O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou nessa sexta (16) que o "cercadinho" instalado na cracolândia foi um pedido dos próprios usuários de drogas que circulam ali.
Dependentes negam que tenham sido consultados.
As grades de metal foram colocadas na segunda (12) na esquina da alameda Cleveland e da rua Helvetia.
A prefeitura afirmou na ocasião que elas visavam organizar o passeio público, desimpedindo ruas e calçadas.
Os dependentes se negaram a entrar na área e recolheram todas as grades, que permaneceram até o fim dessa sexta ao lado de um ônibus da Guarda Civil Metropolitana estacionado na região.
De acordo com Haddad, os usuários foram vítimas de crimes nas últimas semanas. Por isso, estavam preocupados com segurança.
"Eles pediram proteção em função da tentativa de homicídio na semana passada e da tentativa de sequestro da semana anterior."
Segundo o prefeito, a polícia pediu o apoio da prefeitura, que instalou as grades em acordo com os usuários, "para organizar melhor aquela região e não haver incidentes".
Haddad disse que as ações na área são todas feitas após acordo com os dependentes.
Usuários ouvidos pela Folha na tarde dessa sexta reafirmaram que não sabiam da instalação do cercado nem foram consultados. Contam que achavam que as grades seriam usadas em palcos de shows da Virada Cultural.
"Na terça, parou um cara e se debruçou na grade e ficou olhando para dentro. Tinha uma grade só, mas ficou olhando a gente como se fosse um monte de bicho", conta Anderson, 50.
Segundo ele e outros dependentes, não foi pedido para que a prefeitura instalasse o cercado ou aumentasse a segurança na região. "Ninguém aqui pediu para instalar grade, não. A gente não tirou?"
NOVO PROJETO
Haddad afirmou que a prefeitura está alugando alojamentos no parque Dom Pedro 2º para receber usuários de drogas e moradores de rua. Segundo ele, a região deve receber um programa semelhante ao da cracolândia.
O prefeito não explicou como será a versão do programa, mas disse que será diferente e que começa assim que foi concluída a locação.
"Na ex-cracolândia eram muitos egressos do sistema prisional que não tinham emprego, não tinham documento, não tinham nada. Lá é diferente. As pessoas têm uma atividade", afirmou.
