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Relação de cineasta com o filho era difícil, diz viúva

Relato foi durante primeira audiência sobre assassinato de Eduardo Coutinho

Maria das Dores, 62, sobreviveu ao ataque do filho Daniel; antes de depor, ela pediu que ele fosse retirado da sala

ADRIANO BARCELOS DO RIO

Na primeira audiência no caso da morte do cineasta Eduardo Coutinho, 80, assassinado pelo filho, Daniel, 41, a mãe do réu, Maria das Dores Coutinho, 62, emocionou-se ao falar do crime pela primeira vez em público. A morte aconteceu em 2 de fevereiro.

Ela também foi esfaqueada por Daniel e só escapou porque conseguiu se trancar em um cômodo do apartamento. Ficou hospitalizada por 18 dias.

Antes de depor nesta segunda-feira (19), ela pediu que Daniel, que estava algemado, fosse retirado da sala. Abatida, mas sem auxílio para se locomover, justificou o pedido. "É difícil, para mim, falar de um filho."

Ela descreveu a manhã em que foi atacada. "Ele chegou perto de mim, apoiou a mão no meu ombro e desferiu o primeiro golpe, no meu seio esquerdo. Perguntei o porquê e ele disse que o melhor para nós três era aquilo que ele estava fazendo."

RELAÇÃO DIFÍCIL

Ela afirmou que Eduardo e o filho tinham um relacionamento difícil e que Daniel bebia e fumava maconha eventualmente. Por um período, também usou cocaína, de acordo com a mãe.

Em dado momento, segundo Maria das Dores, Daniel e Eduardo fizeram um acordo: se Daniel deixasse de ser agressivo em casa, o pai desistiria de interná-lo.

"Era um convívio difícil (com Daniel), a gente nunca sabia qual seria a reação dele. Estava sempre com um olhar estranho, um semblante preocupado."

A mãe descreveu o réu como pouco sociável, sem amigos, irritável e isolado.

Ela disse que ruídos domésticos como o de um aspirador de pó podiam detonar comportamentos agressivos.

A defesa definiu claramente como estratégia questionar a sanidade mental do acusado quando esfaqueou o pai, a mãe e a si próprio.

Além de Maria das Dores, testemunha de acusação, a defesa chamou Rita Maria da Silva, irmã dela, para depor.

A tia de Daniel reforçou o depoimento de Maria das Dores, reafirmando que Eduardo cogitava buscar uma internação compulsória devido à agressividade do filho.

"Eduardo tinha muita pena de forçar uma internação. Para a Maria das Dores, seria muito triste. Só restava esperar que ele (Daniel) pedisse ajuda", afirmou Rita.

A tia afirmou ainda que era comum Daniel "enxergar vultos". "Acredito que ele chegava a ver miragens", afirmou ela.

Daniel, vestindo camiseta branca, assistiu a todos os depoimentos, exceto o da própria mãe.

Conversou com o advogado, João Bernardo de Lima Kappen, pelo menos duas vezes ao longo da sessão.

No final, Kappen requereu ao juiz Fábio Uchôa um novo exame de sanidade mental para seu cliente. O magistrado concordou com o pedido.

A próxima audiência deverá ocorrer em 2 de junho.


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