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Edgar Jotz (1929 - 2014)

Padre, abrigou fugitivos políticos

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

Num certo dia de outubro de 1971, o vigário Edgar Jotz, da igreja Santa Cecília, em Porto Alegre, recebeu na porta de sua paróquia um jovem católico que se apresentou como Renato. O rapaz pedia abrigo a alguns estudantes com "problemas políticos".

De pele muito clara, olhos azuis protegidos por óculos de aros grandes, o padre tinha os cabelos penteados para trás. Ele sabia, naqueles anos de repressão da ditadura militar, qual o tipo de problema que os estudantes deveriam estar enfrentando.

O religioso então lhes ofereceu roupas, refeição e um local para dormir.

Dias depois, Edgar estava preso no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), acusado de facilitar a saída de procurados políticos do Brasil pela fronteira com o Uruguai e a Argentina.

As cenas estão descritas por Renato, ou melhor, Frei Betto, no livro "Batismo de Sangue". Ele disse à Folha que Edgar nunca teve medo de ser solidário aos perseguidos pela ditadura.

Ordenado padre desde 1956, Edgar nasceu no interior do Rio Grande do Sul e teve uma vida eclesiástica sempre próxima aos mais pobres de Porto Alegre.

Trabalhou para a construção de creches, uma delas na Ilha das Flores, famoso lixão às margens do rio Guaíba. Tinha apreço também por causas ambientais.

Morreu aos 84 anos, de um câncer contra o qual lutava havia dez anos e que se espalhou por vários órgãos.

Uma missa em sua homenagem será celebrada nesta sexta-feira (23), às 18h, na igreja Santa Cecília, onde foi pároco por mais de 50 anos.


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