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Ilustrada - em cima da hora

Morre aos 82 Filgueiras Lima, o Lelé, 'arquiteto dos arquitetos'

Célebre por fazer arte em escala industrial, também foi chamado de 'poeta da racionalidade'

Projetou hospitais, escolas e prédios com peças pré-fabricadas e foi participante ativo na construção de Brasília

DE SÃO PAULO

Reconhecido por aliar na sua obra qualidade estética a tecnologia, o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, morreu nesta quarta-feira (21), em Salvador, aos 82 anos.

Nascido no Rio em 1932, Lelé morava na Bahia havia mais de 30 anos. Tinha câncer de próstata e estava internado no hospital Sarah Kubitschek, projetado por ele.

"Lúcio Costa me disse: Lelé é o arquiteto que eu gostaria de ter sido", contou Haroldo Pinheiro, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

Participante ativo na construção de Brasília, ele atuou com Darcy Ribeiro (1922-1997) e Oscar Niemeyer (1907-2012) na implantação da Universidade de Brasília. Também projetou, especialmente em Salvador, hospitais, escolas, abrigos, passarelas e prédios administrativos.

"Sua arquitetura tinha a poesia de uma flor, mas estrutura e dimensão tecnológica de nave espacial", disse o arquiteto Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade.

A proximidade com Niemeyer levou as linhas curvas para os desenhos de Lelé. Mas, diferentemente de seu mentor, ele caminhou na direção de uma arquitetura industrializada, marcada pelo uso de pré-fabricados em concreto e, posteriormente, em argamassa armada.

Foi a convite de Niemeyer que projetou o hospital de Taguatinga (DF), o primeiro de uma série que fez de Lelé um dos maiores nomes da arquitetura hospitalar. Idealizou todas as unidades da rede Sarah, presentes em sete Estados e no Distrito Federal.

Para desenvolver os componentes que usava nos hospitais, criou o Centro de Tecnologia da Rede Sarah.

"Lelé não se restringiu ao escritório de projeto: fez, também, um esforço grande para envolver a produção", afirmou Guilherme Wisnik, professor de arquitetura da USP.

Para o crítico de arquitetura Fernando Serapião, a temática social fez de Lelé "o arquiteto dos arquitetos, o orgulho que dignifica a classe".

A participação na construção de suas obras foi um problema no fim de sua carreira. A Lei de Licitações não permite que o arquiteto que fez o projeto atue na execução.

Em entrevista à Folha em 2013, Lelé disse: "Um dos vícios da construção civil é que os vários escritórios trabalham separadamente. Os especialistas que trabalham na obra precisam estar sempre em contato com os médicos, a enfermagem, os técnicos".

O arquiteto será velado nesta quinta (22) em Salvador e Brasília. O enterro será sexta (23), no cemitério Campo da Esperança, na ala reservada aos pioneiros de Brasília.


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