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Curso técnico federal tem desistência de 1 milhão de alunos

Taxa de evasão do Pronatec é de 13% dos matriculados; discurso conta quem deixa o programa como 'formado'

Exigência de curso para seguro-desemprego é apontada como uma das explicações para o índice de abandono

Felipe Santana, 27, largou há 15 dias um curso de mecânica de carros oferecido em Salvador pelo Pronatec --programa criado em 2011 pelo governo federal para ampliar a oferta de educação profissional e tecnológica.

Apesar de ser um dos quase 1 milhão de alunos que abandonaram o curso antes do final, ele é contabilizado pelo discurso oficial do governo como um dos "formados" pelo programa.

O Pronatec é hoje uma das principais bandeiras da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo o MEC (Ministério da Educação), o programa conta com 6,9 milhões de inscrições. A meta oficial é atingir 8 milhões até o fim do ano, número ressaltado por Dilma em discursos pelo país afora.

Em um evento em Belém há cerca de um mês, a presidente afirmou que 6,8 milhões (número da época) haviam se "formado" pelo programa. "Hoje, nós chegamos, com vocês, aos 6,8 milhões formados pelo Pronatec. De 8 milhões que nós vamos ter de formar", disse.

O MEC diz que a taxa de abandono dos cursos do programa é de 13%. Lançada sobre o total de matriculados, o número é de 897 mil alunos sem diploma.

Mas o total de alunos que não avança no curso é ainda maior, pois a taxa de reprovação é de 7,5% para formação inicial e continuada e de 2,8% para técnicos.

Para especialistas, os números mostram taxas de abandono "relativamente altas", mas em torno da média nacional --no ensino médio, por exemplo, a média de reprovação é de 12,2%, e a de abandono, de 9,1%.

QUALQUER CURSO'

Desde o fim de 2013, a matrícula no Pronatec é obrigatória para quem solicita o seguro-desemprego pela segunda vez em dez anos.

Para Remi Castioni, da Universidade de Brasília, a exigência pode ter impacto direto nos índices de evasão.

"Como muitos não têm curso em sua área de formação, acabam por fazer qualquer um, meio que obrigados."

Foi o caso de Felipe Santana, encanador industrial encaminhado para um curso de mecânica de automóveis.

"Quando fui pedir o seguro-desemprego, disseram para eu pegar qualquer curso, senão perderia o benefício", lembra ele, que abandonou o curso para trabalhar num lava -jato da família.

VITRINE

O Pronatec foi concebido para ser a principal marca na área de educação do governo Dilma. Nos últimos dois meses, a presidente tem participado, em média, de uma formatura por semana.

Há mais de 600 opções de cursos, de enfermagem a adestramento de cães. Eles são ofertados por instituições públicas ou do Sistema S --de serviços de aprendizagem da indústria, comércio, transportes e agricultura.

Para Celso Ferretti, especialista em educação profissional, o Pronatec não altera problemas históricos desse tipo de ensino: índice de abandono relativamente alto e falta de acompanhamento dos que saem do curso.


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