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'Não tinha mais o que fazer', diz morador que esquartejou zelador
Em vídeo, publicitário disse à polícia que morte foi acidental e que sua mulher não participou
Eduardo Martins disse que usou um serrote para cortar o corpo, que foi levado em uma mala até Praia Grande
O publicitário Eduardo Martins, 47, disse à polícia que a morte do zelador Jezi Souza, 63, foi acidental, após uma troca de socos, e que depois se desesperou, escondeu o corpo em uma mala e usou um serrote para cortá-lo.
A declaração consta de um vídeo feito pela Polícia Civil em Praia Grande (litoral de São Paulo), logo após Martins ser flagrado na segunda-feira (2) queimando partes do corpo do zelador.
Na gravação, ele afirma que sua mulher, a advogada Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, 42, não teve participação no crime.
Martins disse que a briga, na sexta-feira (30), ocorreu após o funcionário do prédio ameaçar seu filho, de dez anos. Pelo relato, durante a briga, Souza bateu a cabeça no batente e caiu morto.
O publicitário disse que se apavorou e decidiu colocar o corpo dentro de uma mala, que levou no mesmo dia para a casa do pai, na cidade litorânea. Ele conta que foi no domingo que decidiu esquartejar o corpo.
Questionado, ele disse que se arrependeu na hora em que Souza caiu. "E depois você cortou o sujeito?", pergunta um policial. "Eu não tinha mais o que fazer", respondeu.
A família do zelador afirmou que as discussões com Martins eram constantes havia ao menos dois anos.
Na segunda, Sheila de Souza, 27, filha do zelador, disse que o publicitário já tinha ameaçado seu pai antes.
Martins e a mulher tiveram a prisão temporária por 30 dias decretada. Ela é suspeita de ajudar a esconder o corpo do zelador. Ieda nega.
O advogado do casal, Marcelo Primo Muccio, afirmou que pedirá a anulação da prisão temporária de Ieda.
Segundo ele, não há indícios claros da participação dela no crime. "Ela está abalada, chorando muito. Não sabia de nada. Compareceu por vontade própria à polícia e acabou acusada", disse.
Para Muccio, foi o desespero que levou Martins a tentar se livrar do corpo do zelador. "Foi o erro dele. Deveria ter pedido socorro."
O publicitário foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com requintes de crueldade e sem chance de defesa).
Nesta terça (3), a polícia encontrou na casa de Praia Grande um revólver sujo de sangue e vai investigar a hipótese de Souza ter sido morto a coronhadas.
PERFIL
Casados há cerca de dez anos, Martins e Ieda moram há cinco anos no condomínio da rua Zanzibar, na Casa Verde (zona norte de São Paulo), onde Souza trabalhava e vivia com a mulher e a filha.
Martins trabalha em casa, fazendo banners, faixas e outras propagandas. Ieda é especialista em questões familiares e atua em escritório próprio no Imirim.
O filho do casal está com parentes.