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Outro lado
Não houve dengue tipo 3 em 2013, diz Estado
Secretaria da Saúde afirma desconhecer metodologia de estudo da USP e defende sistema de vigilância
Não houve registro do subtipo 3 do vírus da dengue nos municípios paulistas em 2013 e 2014, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.
Por meio de nota, a pasta diz que o subtipo 1 é o mais comum no Estado de São Paulo, com prevalência entre 55,5% (2013) e 92% (nos primeiros cinco meses deste ano). Os sorotipos 1 e 4 respondem pelo restante dos casos de dengue.
Isso contraria os achados do estudo do grupo da USP, que não só encontrou o subtipo 3 convivendo com os sorotipos 1, 2 e 4 como realizou o sequenciamento genético de todos eles. O resultado foi publicado em revista científica.
Para o pesquisador Paolo Zanotto, pode estar havendo subnotificação dos casos de dengue no Estado --só isso explicaria, segundo ele, o fato de a secretaria não ter registrado o sorotipo 3.
Na nota, a Secretaria de Saúde afirma que desconhece a metodologia usada pelo pesquisador no estudo (ela consta no artigo publicado, que é de domínio público).
A pasta afirma que São Paulo é o único Estado brasileiro a adotar o método de Reação em Cadeia de Polimerase com Transcrição Reversa em Tempo Real (RT-PCR) na detecção do genoma do vírus da dengue em circulação.
"Isso afasta quaisquer dúvidas sobre a eficácia e a transparência no processo de notificação da doença."
A secretaria informa ainda que a metodologia, implantada pelo Instituto Adolfo Lutz (laboratório do Estado), permite identificar os sorotipos circulantes em até dois dias, o que, pelo exame convencional, levaria em torno de dez dias.
"Essa técnica pioneira no país permitiu identificar pela primeira vez em 2011, a circulação do sorotipo 4 da dengue no Estado de São Paulo, na região de São José do Rio Preto", diz trecho da nota.
Para a secretaria, causa estranheza que o pesquisador coloque em dúvida um sistema de vigilância epidemiológica e de controle de doenças tão consistente quanto o adotado nos municípios paulistas.
"São Paulo é o único Estado que realiza a confirmação dos casos de dengue por meio de exames de sorologia feitos na rede de laboratórios do Adolfo Lutz, permitindo, assim, um mapeamento mais preciso da doença."